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    Por combustíveis, IPCA tem alta de 0,26% em junho após dois meses de deflação

    O resultado se distancia de abril e de maio, que sofreram impactos maiores pela pandemia e tiveram deflação de 0,31% e 0,38%, respectivamente

    Paula Bezerra,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    Após registrar dois meses consecutivos de deflação, os preços no país voltaram a subir e registraram alta de 0,26% em junho. É o que mostra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE na manhã desta sexta-feira (10). O resultado se distancia de abril e de maio, que sofreram impactos maiores pela pandemia do novo coronavírus, e tiveram deflação de 0,31% e 0,38%, respectivamente. 

    Diante deste resultado, a inflação acumulada em 12 meses subiu para 2,13%, ante os 1,88% registrados nos 12 meses  anteriores – ainda assim, o número éinferior do piso da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional. 

    Embora tenha saído de um cenário deflacionário, o resultado do IPCA para junho ficou abaixo do esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters, por exemplo, mostrava que a expectativa de analistas era de acréscimo de 0,29% em junho, acumulando alta de 2,16% em 12 meses.

    De acordo com o instituto, a taxa foi influeciada mais uma vez pelo aumento nos preços dos combustíveis, principalmente após reduções nos últimos quatro meses – em especial a gasolina, que subiu 3,24%, a maior alta individual.

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    Segundo Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, dos nove grupos de produtos e serviços analisados, sete apresentaram alta. Entre as principais contribuições para o resultado do IPCA, além dos combustíveis, o gerente destaca o setor de transportes, que obteve a segunda maior alta percentual, com acréscimo de 0,06 p.p, após 4 meses seguidos de queda. 

    “Houve uma alta nos preços dos combustíveis que chegou nas bombas e impactou o consumidor final. Isso alterou o grupo de Transportes e influenciou no IPCA”, detalha Kislanov.

    Já o grupo Alimentação e bebidas acelerou a alta a 0,38% em junho, de 0,24% em maio, diante da demanda elevada durante a pandemia de Covid-19. O principal peso veio dos alimentos para consumo no domicílio, cujos preços passaram a avançar 0,45% no mês, em meio ao aumento dos preços das carnes (1,19%) e do leite longa vida (2,33%).

    “As medidas de isolamento social, que fizeram as pessoas cozinharem mais em casa, por exemplo, ainda estão em vigor em boa parte do país. Isso gera um efeito de demanda e mantém os preços em patamar mais elevado”, disse Kislanov.

    A alimentação fora do domicílio também pressionou ao subir 0,22% em junho, de 0,04% em maio, com destaque para a alta e 1,01% do lanche, segundo o IBGE.

    Em relação aos artigos de residência, a alta foi de 1,30%, sendo a maior variação positiva no índice do mês – pressionados basicamente pelos eletrodomésticos e equipamentos, além de artigos de TV, som e informática. 

    Selic

    O Banco Central cortou a taxa básica de juros Selic em 0,75 ponto, à nova mínima histórica de 2,25% ao ano, ao mesmo tempo que deixou aberta a porta para nova redução, condicionada à avaliação do cenário.

    E é o que o mercado passou a esperar, após a inflação de junho apresentar leve alta. Em nota, a equipe de macroeconomia da Guide afirma que o resultado do IPCA deverá reforçar apostas de um novo corte residual na Selic em agosto. “A alta deverá reforçar apostas do mercado em um novo corte residual da taxa básica de juros no próximo mês”, diz Vitor Beyruti Guglielmi, da Guide.

    “Por ora, mantemos nossa visão de que a retomada da economia deve continuar em ritmo acelerado nos próximos dados setoriais e, consequentemente, impulsionará a retomada dos preços em julho. Assim, apesar de aumentada a probabilidade, não vemos um novo ajuste como certeiro até o momento”, completa. 

    Já de acordo com declarações de Roberto Campos Neto, o BC precisa entender o impacto do crescimento na inflação para avaliar se ainda há espaço para corte residual nos juros básico. Para o BC, a economia deve sofrer em 2020 retração de 6,4%, refletindo o profundo impacto da crise com o coronavírus na atividade.

    A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC com economistas mostra que a expectativa é de que a inflação termine este ano em 1,63% e que a economia encolha 6,5%.

    * Com Reuters

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