Cruzeiro do Sul também está na briga pelos ativos da Laureate no Brasil
A Ser comprou as operações do grupo dono da Anhembi e da FMU por R$ 4 bilhões, mas ainda não levou. A Yduqs diz que pode fazer uma 'proposta mais interessante'
O jogo só termina quando o juiz apita o fim da partida. É por isso que, mesmo nos acréscimos do tempo regulamentar, os atacantes tentam fazer gol para garantir a vitória para o seu time. A analogia com o futebol descreve bem a disputa pelos ativos do grupo Laureate no Brasil, dententor das faculdades Anhembi Morumbi e FMU. A venda está acertada para a Ser Educacional por cerca de R$ 4 bilhões, mas a operação só será concluída no dia 13 de outubro. Até lá, outros competidores podem dar lances, e levará a melhor aquele que der o maior preço — e pagar a multa de R$ 180 milhões para a Ser, caso ela própria não seja a vencedora.
A Yduqs, dona da Estácio de Sá e do Ibmec, foi a primeira a se apresentar publicamente como potencial compradora da operação da Laureate no Brasil, depois da Ser — é claro. No entanto, não é a única. De acordo com fontes ouvidas pelo CNN Brasil Business, a Cruzeiro Sul está na disputa. Mas não do grupo como um todo, apenas de algumas marcas.
Isso porque, diferentemente de outras companhias que têm ações na bolsa, a Cruzeiro do Sul tem capital fechado. Portanto, caso venha a comprar algum ativo, como a UnP (Universidade Potiguar, do Rio Grande do Norte), a FMU, a Anhembi ou a UniRitter (do Rio Grande do Sul) terá de fazer a transação em dinheiro e não com troca de ações, por exemplo.
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“Não é o que eles [Laureate] preferem. O caminho mais simples é a venda do conjunto todo, mas a Cruzeiro do Sul está trilhando um caminho alternativo, por fora”, diz uma fonte com conhecimento das negociações.
O motivo para a saída da Laureate do Brasil é que o grupo precisa desalavancar a operação nos Estados Unidos. As conversas com os concorrentes não vêm de hoje. Estavam até bastante avançadas, mas então veio a pandemia do novo coronavírus, que acabou colocando um freio nas negociações. Nos dois últimos meses, porém os executivos voltaram a se falar.
A decisão de usar o “go-shop” no acordo — em que a negociação é fechada, mas permite que a Laureate continue “à venda” até outubro — chamou a atenção do mercado. Além de ser pouco usual, não traz ganhos para a Ser, que é diretamente interessada na compra. Por sua vez, há muitos benefícios para a Laureate, que poderá acompanhar o “leilão” de seus ativos, que devem, aliás, aumentar de valor durante a disputa.
Renato Chaves, analista do Santander, calcula que, se confirmada a negociação com a Ser, a nova companhia aumentará significativamente sua base de alunos (de 267 mil para 455 mil), tornando-se a quarta maior empresa do setor, atrás de Cogna, Yduqs e Unip. Há grande espaço para crescimento no ensino a distância, dada a pequena penetração (17% da base total contra 45% do setor).
“Acreditamos que uma oferta adicional (follow-on) de ações seja possível, dada a dívida líquida/Ebitda de 3,2 vezes. Diante disso, reforçamos a recomendação de compra, por conta dos fundamentos aprimorados e o valuation muito atraente com o upside do negócio da Laureate. Nosso preço-alvo é de R$ 24,70, implicando em uma valorização de cerca de 67% em relação ao último fechamento”, escreve o analista, em relatório.
Certo é que, até o apito final, ainda terá muita bola rolando, e o vencedor pode ser competidores que ainda nem entraram em campo.
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