Crise energética na China alarma população e gera apelos por importação de carvão
Banco Goldman Sachs diminuiu previsão de crescimento do PIB chinês devido aos problemas no fornecimento de energia
Agora que uma crise energética grave se desenrola no polo industrial do nordeste da China, autoridades de alto escalão enfrentam uma pressão crescente de cidadãos alarmados para aumentarem as importações de carvão em volume e rapidez para manter as luzes acesas, as fábricas abertas e até o fornecimento de água funcionando.
Como os blecautes provocados pela escassez do suprimento de carvão prejudicam setores amplos da indústria, o governador da província de Jilin, uma das mais duramente afetadas da segunda maior economia do mundo, pediu um aumento das importações de carvão, e uma associação de empresas de energia disse que o suprimento está sendo ampliado “a qualquer preço”.
Organizações de notícias e redes sociais publicaram reportagens e postagens segundo as quais a falta de energia no nordeste desligou semáforos, elevadores residenciais e a rede de telefone 3G, além de causar fechamentos de fábricas.
Uma prestadora de serviço de Jilin alertou que blecautes podem interromper o fornecimento de água a qualquer momento, desculpando-se mais tarde por causar alarme.
Cidades como Shenyang e Dalian, que abrigam mais de 13 milhões de pessoas, estão prejudicadas, tendo transtornos em fábricas de fornecedores de empresas globais como Apple e Tesla.
Jilin é uma de mais de 10 províncias forçadas a racionar energia agora que os geradores sentem a pressão da disparada dos preços do carvão, que não podem repassar aos consumidores.
Falando a empresas de energia locais na segunda-feira (27), Han Jun, o governador de Jilin, que tem quase 25 milhões de habitantes, disse que “canais múltiplos” precisam ser estabelecidos para garantir os suprimentos de carvão e que a China deveria comprar mais da Rússia, Mongólia e Indonésia.
Han disse que a província também despachará esquipes especiais com urgência para garantir contratos de suprimento na região vizinha da Mongólia Interior, de acordo com a conta oficial da rede social WeChat da província.
A Goldman Sachs estimou que até 44% da atividade industrial chinesa está afetada por problemas no fornecimento de energia, o que pode causar um declínio de um ponto percentual no crescimento anualizado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e uma queda de dois pontos percentuais entre outubro e dezembro.
O banco ainda disse em uma nota emitida nesta terça-feira (28) que está diminuindo sua previsão de crescimento do PIB de 2021 da China dos 8,2% anteriores para 7,8%.
A crise energética se instaura enquanto uma escassez de suprimento de carvão, um endurecimento das emissões de gases de efeito estufa e uma procura grande da indústria fazem os preços do carvão atingirem picos: os futuros do carvão termal da China subiram 7% na manhã desta terça-feira e chegaram a um recorde de US$ 204,76 por tonelada.