Copom corta juros básicos em 0,5 ponto percentual, a 3,75% ao ano
Em comunicado, BC cita coronavírus e diz que epidemia está causando desaceleração global, queda nos preços das commodities e volatilidade nos mercados
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade baixar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira (18). A Selic está agora em 3,75% ao ano, no menor patamar da história. Foi a sexta redução consecutiva.
No comunicado, o órgão do Banco Central destacou que a pandemia causada pelo coronavírus está provocando “desaceleração significativa” do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade no mercados.
“Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulo monetário pelas principais economias, o ambiente para as economias emergentes tornou-se desafiador”, diz o texto.
Dados divulgados desde a última reunião, em fevereiro, apontavam para uma recuperação gradual da atividade econômica brasileira, mas esses números ainda não refletem os impactos da pandemia, indicou o Copom.
O comitê reforçou que a atual conjuntura exige “cautela na condução da política monetária” e que, neste momento, “vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar”. Mas reconhece que os riscos a serem observados aumentaram e que as próximas decisões dependerão de novas informações sobre a conjuntura econômica.
O cenário para a inflação é incerto, apontou a nota. Por um lado, há possibilidade de que os preços subam abaixo do esperado em função da alta ociosidade, risco que cresce caso a pandemia se agrave e provoque aumento da incerteza e redução mais intensa e mais prolongada da demanda. Por outro, os juros baixos, a piora do cenário externo e dúvidas quanto ao andamento das reformas podem elevar os prêmios de risco e puxar a inflação para um patamar acima do projetado.
O colegiado alertou ainda que é essencial “perseverar no processo de reformas” para garantir uma recuperação sustentável da economia. Segundo o BC, questionamentos sobre a continuidade de reformas e “alterações de caráter permanente” no processo de ajuste fiscal podem “elevar a taxa de juros estrutural da economia”.
“Nessa situação, relaxamentos monetários adicionais podem tornar-se contraproducentes se resultarem em aperto nas condições financeiras”, disse no comunicado.
O BC frisou ainda que “continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual”.
A pressão para um corte da taxa aumentou nos últimos dias depois que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, baixou a taxa de juros do país para o intervalo de 0% a 0,25% em reunião extraordinária no domingo.