Conheça a história dos empreendedores que criaram a 1ª vacina contra a Covid-19
A doutora Özlem Türeci e seu marido, Ugur Sahin, estão à frente da BioNTech, que desenvolveu a vacina em parceria com a Pfizer
Em tempos de recrudescimento dos movimentos anti-imigração pelo mundo, a ciência dá uma lição sobre a importância da integração global. Em um laboratório em Mainz, na Alemanha, um médico nascido na Turquia e uma médica filha de descendentes turcos foram responsáveis por liderar o programa que lançou a primeira vacina contra o coronavírus, que começará a ser distribuída já na semana que vem.
A doutora Özlem Türeci, de 53 anos, e seu marido, Ugur Sahin, de 55, são líderes do projeto que criou a vacina em parceria com a Pfizer, a mais rápida já desenvolvida na história. Ele é CEO e ela diretora da BioNTech, empresa especializada no desenvolvimento de tratamentos imunizantes.
Segundo o jornal New York Times, Türeci foi influenciada pelo pai, cirurgião nascido em Istambul. Sahim nasceu em Iskenderun, uma cidade perto da fronteira com a Síria, e imigrou para a Alemanha com quatro anos. Seus pais eram operários em uma fábrica da Ford na cidade de Colônia, onde ele obteve seu doutorado, em 1993, por seu estudo sobre imunoterapia em células tumorais.
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O casal se conheceu enquanto trabalhava em um hospital universitário. Türeci e Sahin lideraram um grupo de pesquisa na Universidade de Mainz sobre o papel dos anticorpos no tratamento contra o câncer.
Eles saíram do ambiente acadêmico para empreender em 2001 e passaram a aprofundar as pesquisas em seu próprio laboratório, o Ganymed Pharmaceuticals. Türeci contou ao portal europeu Labiotech, especializado em ciência e tecnologia, que a transição da academia para a indústria foi desafiadora. Ela afirma que, quando a primeira empresa foi fundada, os mercados de capital eram muito mais avessos ao risco. Além disso, contratar pessoas e desenvolver novas tecnologia era um desafio.
Em 2016, a Ganymed Pharmaceuticals foi adquirida pela Astellas Pharma por cerca de US$ 1,4 bilhão, tornando-se o maior negócio de biotecnologia na Alemanha.
Com isso, o casal passou a se dedicar à BioNTech, cujo foco inicial era o tratamento de câncer. Em 2018, o laboratório fechou a primeira parceria com a Pfizer para atuar com o tratamento de imunização para outro tipo de doença, a gripe.
A relação criada entre Pfizer e BioNTech nos últimos anos aproximou os CEOs das empresas. Sahin, que é turco, desenvolveu uma amizade com Albert Bourla, o chefe executivo grego da Pfizer. Segundo o Business Insider, a dupla disse que se uniu por causa de suas experiências em comum como cientistas e imigrantes.
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Bourla disse ao NYT que Sahin é um homem de confiança, 100% dedicado à ciência e que não gosta de falar sobre negócios. Tanto que até agora Pfizer e a BioNTech não finalizaram os detalhes financeiros de seu acordo de parceria que envolve o que deve ser a maior descoberta da medicina no século 21.
Sahin diz que, entre sua empresa e a Pfizer, o que existe é um termo de compromisso e não um contrato final. “A confiança e o relacionamento pessoal são muito importantes nesses negócios, porque tudo está acontecendo muito rápido”, disse o CEO do laboratório ao jornal americano.
As investidas até a vacina
Sahin começou a se concentrar na pesquisa sobre o novo coronavírus em janeiro deste ano ao ler os primeiros relatórios da revista científica Lancet sobre o avanço dos casos na China e a expectativa de um crescimento exponencial em todo o planeta.
Ele pediu a 500 cientistas que voltassem antes de suas férias, e em março já tinha o projeto para apresentar à Pfizer, que faria a distribuição. Os dados dos últimos ensaios clínicos mostram que a vacina tem uma eficácia de mais de 90%.
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Antes da vacina contra o coronavírus, porém, as empresas do casal Sahin e Türeci nunca haviam trazido um único produto ao mercado. Agora, a BioNTech é responsável por apresentar a possível solução para uma doença que já matou mais de 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo.
Com isso, a empresa, que tem 1.800 funcionários e escritórios em Berlim e outras cidades alemãs, além de Cambridge e Massachusetts, saltou de um valor de mercado de US$ 3,4 bilhões no ano passado para US$ 25 bilhões.
A vacina também catapultou a fortuna de Türeci e Sahin. O casal se tornou bilionário em junho, quando as ações da BioNTech dispararam por causa do anúncio da parceria com a Pfizer. A aprovação da vacina pelo Reino Unido, na quarta-feira (2), fez com que Sahin entrasse para o ranking das 500 pessoas mais ricas do mundo com patrimônio líquido de US$ 5,2 bilhões.
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