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    Com surpresa boa no 1º tri, bancos passam a ver alta acima de 5% no PIB de 2021

    PIB do Brasil cresceu 1,2% entre janeiro e março, terceiro trimestre seguido de ganhos

    Por José de Castro, da Reuters

     A surpresa positiva com os números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre abriu a porta para uma série de revisões para cima nas projeções de bancos para o desempenho da economia neste ano, com alguns vendo crescimento do PIB superior a 5%.

    O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,2% entre janeiro e março, terceiro trimestre seguido de ganhos.

    O Goldman Sachs elevou a estimativa 5,5%, ante 4,6%. O Bank of America agora espera expansão de 5,2%, bem acima dos 3,4% do cenário anterior, enquanto o Citi ajustou seu prognóstico para 5,1%, contra 3,6% antes. O BNP Paribas agora vê expansão de 5,5%, acima da taxa de 4,5% esperada antes.

    O Barclays aumentou a taxa esperada para 4,8%, de 4,3%. O Bradesco corrigiu a perspectiva de crescimento da atividade em 2021 para 4,8%, de 3,3% antes. E o Credit Suisse melhorou sua expectativa a 4,9%, de 4,0%.

    Todas as instituições citadas chamaram atenção para a resiliência da economia doméstica diante da segunda onda de Covid-19 que assolou o país –sobretudo em março, considerando apenas o primeiro trimestre.

    “Esperamos que a economia se recupere visivelmente nos próximos trimestres, em conjunto com o progresso da vacinação contra a Covid, uma reabertura gradual da economia, estímulo fiscal renovado (e) recuperação da confiança do consumidor e das empresas”, disse em nota o chefe de pesquisa econômica do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos.

    No cenário-base de Ramos, não há escassez no fornecimento de energia e o país será beneficiado por redução dos gargalos na cadeia de fornecimento, bem como por uma melhora na situação da Covid-19.

    Economistas do Bank of America destacaram os indicadores do primeiro trimestre, com a taxa de mobilidade caindo menos que o esperado (apesar da segunda onda de Covid-19), melhor adaptação dos negócios à pandemia e aceleração da vacinação.

    A expansão em 2021 vai ser puxada pelo consumo privado, maior investimento e maior saldo comercial devido à força da economia mundial, disseram.

    “Para o segundo trimestre de 2021, esperamos que a tendência de recuperação continue à medida que as restrições de mobilidade são suspensas”, disse o BofA em nota. “Notavelmente, indicadores antecedentes apontam atividade mais forte em abril”, disse o BofA em relatório.

    O Citi também chamou atenção para a menor queda na mobilidade, à qual a economia parece estar menos sensível, e avaliou que esse “processo de aprendizado” indica que à frente a performance do PIB será “cada vez mais ditada” por outros fatores além da mobilidade, os quais podem conter qualquer euforia sobre a força da retomada.

    “As políticas monetárias/fiscais, o ambiente global e algumas emergentes restrições do lado da oferta devem ganhar mais relevância a partir de agora, e todas elas estão nos levando a uma visão mais cautelosa sobre a força da recuperação doméstica em curso”, disseram Leonardo Porto, Paulo Lopes e Thais Ortega em relatório.

    O BNP Paribas vê um segundo trimestre “levemente melhor”, o que combinado com a surpresa com os números de janeiro a março o levou a ajustar a projeção do PIB para 2021.

    “Olhando à frente, esperamos que o hiato do produto feche, à medida que a economia continua a crescer”, disseram em relatório Gustavo Arruda, Amabile Ferrazoli e Andre Digiacomo. O banco projeta expansão de 3,0% da economia em 2022.

    Abaixo de /% e alguma cautela 

    Para o Barlcays, a recuperação econômica do Brasil está mais rápida do que o esperado, o que inicialmente foi explicado pelos “consideráveis” estímulos tanto monetários quanto fiscais, mas que agora é amparado pelo cenário externo.

    Para a instituição, ainda que haja alguma contração do PIB no segundo trimestre devido a novas ondas da pandemia, as preocupações com o consumo das famílias a partir do fim do auxílio emergencial no ano passado se provaram “exageradas”.

    “Além disso, a reintrodução do programa de transferência de renda durante o segundo trimestre e sua possível renovação no terceiro trimestre podem fornecer alguma compensação diante dos números ainda crescentes de desemprego e em meio a novas rodadas de restrições de mobilidade, à medida que o programa de vacinação se desenrola com atrasos”, disse em nota o economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski.

    De acordo com Secemski, se não fosse a previsão de retração de 0,3% da economia no segundo trimestre sobre o primeiro, a estimativa seria de crescimento acima de 5% em 2021 –patamar para o qual, segundo ele, a pesquisa Focus do BC –que levanta as projeções do mercado– deve migrar nas próximas semanas.

    Segundo o Bradesco, apesar da divergência entre os dados de emprego da Pnad e do Caged, os indicadores de diversos setores da economia jogam a favor do Caged, que tem mostrado números melhores, o que sugere um cenário mais benigno para a economia e, por conseguinte, para o mercado de trabalho e consumo.

    “Esses indicadores levariam a um PIB acima de 5,0% em 2021, mas a piora na situação hidrológica, eventualmente demandando um acionamento pleno das térmicas, problemas continuados na oferta de insumos para produção e o fato de a dinâmica da pandemia ainda não ter se estabilizado, nos fazem optar por um número um pouco mais conservador”, disse em nota o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco do Bradesco.

    Também vendo um crescimento abaixo de 5% neste ano, o Credit Suisse elevou sua expectativa para o PIB para alta de 4,9%, ante 4,0% da projeção anterior, em função do resultado acima do esperado no começo do ano e de melhores perspectivas para os trimestres seguintes.

    “No geral, o crescimento do PIB mais forte do que o esperado no primeiro trimestre reforça nossa visão de que a remoção do estímulo fiscal pelo governo não anulou a recuperação da economia pelo lado da oferta e de que a economia estava em um ritmo forte no primeiro trimestre”, disseram em relatório Solange Srour e Lucas Vilela.

    Mais conservador, o Morgan Stanley evitou elevar seu prognóstico de aumento de 2,8% do PIB em 2021, limitando-se a afirmar que os dados melhores do primeiro trimestre e o menor impacto das restrições à mobilidade criam “riscos de alta” à projeção.

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