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    Com queda de 80% nas vendas, mercado de carros usados inova para sobreviver

    Crise significou oportunidade de estrear canais digitais ou aprimorar processos e ferramentas para melhorar experiência do consumidor

    Marcelo Sakate, , da CNN, em São Paulo

    Não é só a venda de carros novos que despencou com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. O mercado de veículos usados caiu 78% de março para abril com o fechamento das lojas multimarcas e das concessionárias das montadoras. Foram comercializados 199 mil veículos usados no mês passado, incluindo carros, motos e caminhões, número muito abaixo das 901 mil unidades em março. Na comparação com abril de 2019, a queda foi ainda maior, de 83%.

    “Em muitos estados, as lojas estão sem abrir há mais de sessenta dias”, afirma Ilídio Santos, presidente da Fenauto (associação das revendedoras de usados).

    Segundo o dirigente, a comercialização online passou a ser a aposta de concessionárias e das lojas multimarcas. Mas ele afirma que as vendas poderiam ser maiores caso o processo de registro, emissão de documentos e emplacamento junto aos Detrans estivesse normalizado, o que não acontece porque o atendimento presencial está suspenso em muitos Estados.

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    É o caso de São Paulo, maior mercado do país: o Detran está fechado para o público desde 21 de março. O presidente da Fenauto diz que o atendimento online dos Detrans não consegue dar vazão à demanda das revendedoras. Uma das razões para o gargalo é o tamanho do mercado de carros usados: no ano passado, foram comercializados 14,6 milhões de veículos (incluindo motos, caminhões e ônibus), quatro vezes o número de vendas de modelos novos.

    O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), por sua vez, informou que suspendeu os prazos para transferência, registro, licenciamento e emplacamento de veículos usados como forma de aliviar os impactos do enfrentamento da Covid-19 no setor. E disse que a reabertura dos Detrans depende de decretos dos governos estaduais e municipais.  

    Se por um lado o fechamento das lojas de rua derrubou as vendas, por outro significou a oportunidade de estrear no canal digital ou de aprimorar os processos e as ferramentas que podem melhorar a experiência dos clientes.

    “É interessante notar a abertura que muitos empresários passaram a dar para transformar o processo digital de suas revendas. A gente demandava a digitalização dos lojistas, e agora são eles que nos procuram interessados”, afirma Ricardo Bonzo Filho, CEO do iCarros, um dos maiores sites do país de compra e venda de automóveis.

    O executivo cita o crescimento da chamada “Garagem do Conhecimento”, uma plataforma de ensino à distância que foi disponibilizada para que vendedores possam aprender técnicas de comercialização e de esclarecimento de informações pela internet: já são mais de 5.000 alunos ativos, cinco vezes o número registrado em outubro passado.

    “O objetivo é ajudar a amenizar os impactos da crise e, ao mesmo tempo, preparar a equipe para ter condições de acelerar as vendas no momento da retomada do mercado”, diz Bonzo Filho.

    A companhia colocou em funcionamento em questão de semanas ferramentas que estavam planejadas para funcionar daqui a um ano e meio, como a entrega do carro adquirido na casa do cliente, sem que ele precise buscar na loja.

    A crise econômica profunda também já causa impacto nas preferências dos consumidores, ainda que de forma provisória. É o que revela a Webmotors, outro site especializado na compra e venda de carros.

    Um dos efeitos notados foi o aumento da chamada “troca com troco”: cresceu a procura por veículos fabricados nos anos de 2013, 2014 e 2015 e aumentou o volume de anúncios de vendas de veículos fabricados de 2016 a 2018. Ou seja, uma parcela dos usuários quer trocar veículos mais novos por modelos antigos de olho no retorno financeiro do negócio.

    Outra mudança comportamental constatada pela Webmotors foi o aumento da procura por vans e picapes, o que pode sinalizar uma tendência de aquisição de veículos para apoiar entregas neste momento de crise do emprego.

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