Com pandemia, ricos ganham 42 vezes mais que pobres nas regiões metropolitanas
O percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita menor que um quarto do salário mínimo chegou a 29,4%, mais de 24 milhões de pessoas
A pandemia do novo coronavírus ajudou a corroer indicadores econômicos e, consequentemente, exacerbar a desigualdade de rendimentos, medida pelo coeficiente de Gini, nas grandes cidades brasileiras.
É o que mostra a quarta edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, pesquisa divulgada nesta quarta-feira (7) e desenvolvida pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC-RS e o Observatório da Dívida Social na América Latina.
“No 1º trimestre de 2020, os 10% do topo da distribuição de renda ganhavam, em média, 29,6 vezes mais do que os 40% da base da distribuição de renda. No 1º trimestre de 2021, os 10% do topo da distribuição de renda passaram a ganhar, em média, 42,3 vezes mais que os 40% da base da distribuição de renda”, diz a pesquisa.
O estudo mostra ainda que, no primeiro trimestre de 2021, a média móvel do coeficiente de Gini nas regiões metropolitanas atingiu o valor de 0,637, o maior número desde o início série histórica que começou no primeiro trimestre de 2012.
Como o coeficiente vai de 0 a 1 e, quanto mais próximo de 1, mais desigual é o local pesquisado. Isso significa que o nível de desigualdade do trabalho nas 20 regiões metropolitanas brasileiras foi o mais elevado em todo o período observado.
“Entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021 a média móvel do coeficiente de Gini nas metrópoles passou de 0,608 para 0,637, um aumento de 4,8%. Este é o maior aumento já registrado do primeiro trimestre de um ano em relação ao primeiro trimestre do ano imediatamente anterior desde o começo da série histórica”, diz o estudo.
Obviamente, quem sofre mais com isso são os mais pobres. O percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita menor que um quarto do salário mínimo era de 20,2% em 2012, saltou para 24,5% no primeiro trimestre de 2020 e escalou para 29,4% um ano depois. Em termos absolutos, há 24.535.659 nessa situação.
De forma geral, entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021, houve queda de 8,5% do rendimento médio no conjunto das RM, que passou de R$ 1.423,93 para R$ 1.302,79. Essa queda fez a renda média retornar ao patamar do início da série, no ano de 2012.
“Para o estrato dos 40% mais pobres, o rendimento médio do trabalho caiu 33,4% no período. Para os 50% de renda intermediária a queda foi de 7,6%. Para o estrato de renda dos 10% do topo da distribuição a queda foi de 4,8%. Portanto, a queda foi muito mais pronunciada para os mais pobres”, afirma o relatório.