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    Com cotação nas alturas, saiba como fazer investimentos com exposição a dólar

    Há possibilidades de renda fixa e renda variável para proteger seu patrimônio

    Dólar chegou ao seu recorde nominal, R$ 5,73, na última segunda (27) (29.abr.2020)
    Dólar chegou ao seu recorde nominal, R$ 5,73, na última segunda (27) (29.abr.2020) Foto: Damir Spanic/Unsplash

    Matheus Prado do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Pandemia do novo coronavírus e a consequente recessão global provocada pelo isolamento social, crise na demanda por petróleo e tensões políticas internas, culminando na surpreendente saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Estes são três dos fatores, intimamente interligados, que vêm puxando sucessivas altas do dólar em relação ao real nos últimos meses.

    Não por acaso, a moeda brasileira lidera um ranking inglório: considerando um grupo com 21 das principais moedas do mundo, nosso câmbio foi o que mais se desvalorizou em relação ao dinheiro americano no primeiro trimestre do ano. Reforçando o movimento, o dólar bateu ainda sucessivos recordes nominais nos últimos dias, alcançando pico de R$ 5,73 na última segunda-feira (27).

    Com toda essa deterioração do cenário econômico, investidores buscam entender o momento e, principalmente, procuram ativos com exposição à verdinha para proteger seu patrimônio. José Falcão, analista de investimentos da Easynvest, afirma que antes de qualquer coisa estamos vivendo uma mudança no ambiente econômico brasileiro, mas a crise ajuda a amplificar a disparidade.

    “Entramos num momento de taxa de juros baixa, o que faz com que o real perca sua atratividade. O dólar é um porto seguro clássico, e, com o diferencial de juros menor entre as duas moedas, é natural que a gente atinja um novo patamar de câmbio”, diz. “Apesar disso, é inegável que o dinheiro americano segue uma tendência de alta durante a crise. E, enquanto estiver subindo, tem que ter dólar na carteira de investimentos.”

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    Além do cenário em si, também preocupa a imprevisibilidade do mercado de câmbio. Na sessão de terça-feira (28), por exemplo, o dólar sofreu a mais forte queda em quase dois anos, a 2,59%. Gabriela Mosmann, analista da Suno Research, defende que realizar previsões a longo prazo, “principalmente neste momento, é achômetro”. “No entanto, poderemos ter novos picos durante os próximos meses por conta do alto grau de incertezas.”

    Em entrevista ao podcast “O que eu faço?”, do CNN Brasil Business, Rafael Bisinha, estrategista-chefe do Santander Private Banking, reforçou o sentimento. “A gente sente que o câmbio está desvalorizado demais, mas não apostaria que o dólar vai cair no curto prazo. Neste momento, o investimento em dólar vale para qualquer perfil”, diz.

    Pensando nisso, a reportagem elencou algumas opções de investimento com exposição a dólar. Veja abaixo:

    Fundos cambiais

    “Para o investidor que está começando, que não tem muita intimidade com o mercado, os fundos cambiais podem ser uma boa saída”, explica Bisinha. Aqui trata-se de fundos em que pelo menos 80% da carteira de ativos, gerida por um profissional, está vinculada a moedas estrangeiras, como libra, euro, dólar.

    Com isso, a rentabilidade fica bem próxima à variação da moeda ou moedas, caso o fundo possua uma cesta com várias. Dois dos grandes diferenciais da modalidade são os valores, com investimentos iniciais acessíveis, e a liquidez, que permite ao investidor retirar sua posição rapidamente.

    Ações e ETFs

    Alguns ativos na B3 também permitem que o investidor tenha exposição à moeda americana. O fundo de índice IVVB11, por exemplo, que replica o S&P 500, pode ser uma opção. Até existe o argumento de que, como a bolsa americana já se recuperou bastante, o ETF pode não render tanto assim.

    Falcão, da Easynvest, contemporiza. “Há 10 anos, falam que bolsa americana está alcançando patamares históricos, mas continua subindo. Pode até ser que o índice corrija um pouco para baixo no curto prazo, mas a tendência é de alta”, afirma.

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    Outra possibilidade é comprar ações de empresas que realizem parte dos seus lucros na moeda americana. “A Suzano é uma das empresas que exporta muito e, com o câmbio desvalorizado, acaba recebendo mais”, diz Gabriela, da Suno. Frigoríficos, como a JBS, também podem entrar neste radar.

    Minicontratos de dólar futuro

    Imagine que você tem uma viagem marcada para o exterior (sabemos que é algo difícil neste momento, mas colabore) e quer se proteger da variação do câmbio. É possível comprar contratos do dólar futuro com a cotação de hoje. Ou seja, se o dólar está R$ 5,50 hoje e R$ 6,30 no dia em que vai retirar o dinheiro, você paga o primeiro valor.

    Existe, neste caso, um risco óbvio. Se a cotação baixar, você perde. No caso do minicontrato, a explicação se mantém, com um investimento mínimo menor (US$ 50 mil contra US$ 10 mil). “É algo mais complexo, mas para quem tem mais intimidade com o mercado é possível fazer com a ajuda de uma corretora”, diz Bisinha.

    Certificados de Operações Estruturadas (COE)

    O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um produto que combina renda fixa e variável, limita ganhos e perdas e tem prazo fixo. São oferecidos por bancos e podem estar atrelados à ações, índices acionários, inflação, juros, moedas, ouro, commodities. Essa variedade, inclusive, é tratada ao mesmo tempo como vantagem e desvantagem da modalidade.

    “Ele tem prazo fixo, de meses ou até anos, o que imobiliza o investidor. Tem limitações de prejuízo, mas também tem limitação de ganho. Além disso, sofre preconceito do mercado porque, por vezes, cobra taxas de administração mais altas”, diz. “Para quem não tem muito recurso, eu não priorizaria os COEs.” O investimento mínimo do papel costuma ser no patamar de R$ 5 mil.