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    Com Biden no poder, empresas brasileiras esperam estreitar laços com os EUA

    Operação americana da Stefanini espera crescer dois dígitos em 2021, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus

    Natália Flach, do CNN Brasil Business, em São Paulo

     

    As cenas de violência vistas no Capitólio na quarta-feira (6) não diminuíram o otimismo de empresários — e investidores — com o novo governo americano. A expectativa é que, nos próximos quatro anos, as relações comerciais entre Estados Unidos e Brasil saiam fortalecidas com Joe Biden na Casa Branca.

    “Não foi uma situação que gostamos de ver, mas tratou-se de um contratempo”, afirma Marco Stefanini, fundador da multinacional de tecnologia e inovação que leva o seu sobrenome. “Governos passam, e os Estados ficam. Os EUA têm instituições sólidas e por isso mesmo certificou a vitória de Biden.”

    Deborah Vieitas, CEO da Amcham Brasil, diz que a câmara de comércio condena com veemência qualquer ato que atente contra a democracia. “Ficamos perplexos com as cenas. Esperamos que elas não se repitam e que sirvam como alerta sobre a responsabilidade compartilhada entre congresso, governo, judiciário e sociedade em respeitar valores democráticos e zelar pela harmonia e tolerância”, afirma.

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    A expectativa é que a nova administração se pautará pelo multilateralismo, o que deve beneficiar as empresas brasileiras.

    Os Estados Unidos são o segundo maior mercado da Stefanini, atrás apenas do Brasil. Mesmo em meio à pandemia, a operação americana cresceu 10% no ano passado e projeção para 2021, segundo Stefanini, é crescer dois dígitos novamente. 

    “No ano passado, fizemos sete aquisições, mas nenhuma delas foi nos Estados Unidos. Todo crescimento foi orgânico. Neste ano, esperamos fazer até duas aquisições”, conta. 

    Vieitas diz que os desafios de Biden serão imensos, mas o norte nos parece estar dado. “O sucesso dos Estados Unidos beneficiará o Brasil. Se a maior economia do mundo estiver vibrante e as relações internacionais mais estáveis, o Brasil e todo o mundo sairão ganhando”, afirma.

    Relações comerciais

    Em setembro de 2020, a exportação de produtos brasileiros para os Estados Unidos atingiu o menor patamar desde 2010. Apesar da redução, os americanos seguem como o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China. 

    Entre os motivos para a queda das exportações, estão restrições comerciais, além de custos altos e baixa produtividade da indústria brasileira, que há tempos minam o avanço no mercado global.

    Nos últimos anos, os produtos industrializados – vendidos principalmente para países como os Estados Unidos – foram perdendo espaço, enquanto o agronegócio e produtos básicos – os preferidos da China – roubavam de vez a cena.

    “Em 2000, 60% de tudo o que o país exportava era de produtos manufaturados, e isso foi caindo até chegar a 24% hoje”, diz José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

    Foi nesse intervalo que a China saiu de menos de 2% das vendas brasileiras para se tornar o principal comprador do Brasil, a partir de 2009, à frente dos Estados Unidos.

    Com a mudança da pauta exportadora brasileira, os Estados Unidos saíram de uma participação de mais de 20% de tudo o que o país exportava (em especial, aviões, aço, calçados e carros) em 2000 para algo próximo a 10% em 2020. Já a China, massiva compradora de soja, minério de ferro, petróleo e carnes, passou de 3% para 30% nesse mesmo período. 

    Não é que as vendas de outros produtos e para outros países caíram, é bom deixar claro. Os embarques para os Estados Unidos cresceram quatro vezes nesses 20 anos. É que as vendas de commodities para a China cresceram muito mais: elas se multiplicaram por 42. Tanto é que a receita com exportações para a China teve um aumento de 4.100% entre 2000 e 2019.

    (Com reportagem de Juliana Elias)

     

     

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