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    Com aporte bilionário, Loggi prevê fazer entregas para todas as cidades do país

    Unicórnio brasileiro quer seguir o caminho dos Correios — com a diferença que busca ter lucro nas entregas para cidades mais distantes

    Motoboy da Loggi: empresa recebeu aporte bilionário no início do mês
    Motoboy da Loggi: empresa recebeu aporte bilionário no início do mês Foto: Reprodução / Loggi

    André Jankavski, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A Loggi tem uma meta ambiciosa para os mais de R$ 1 bilhão que embolsou na sua captação mais recente. A companhia de entrega quer atender todos os municípios brasileiros, algo que só os Correios conseguiram fazer. A diferença é que a startup, que vale mais de US$ 1 bilhão e é chamada de “unicórnio”, acredita ser possível lucrar até mesmo em entregas para os lugares mais longínquos.

    Para isso, pretende adotar o modelo de marketplace de entregas — sim, você vai ler a palavra marketplace até na área de logística. O modelo é simples: a Loggi criou o Loggi Leve, que associa uma série de empresas de logística, e a ideia é fazer parcerias com pequenos distribuidores em cidades distantes e treiná-los para serem mais eficientes.

    Na prática, uma pessoa que tenha um espaço que pode servir de base — um pequeno armazém, por exemplo — poderá baixar o aplicativo da Loggi e se cadastrar. Depois de uma análise prévia, ela será responsável pela entrega da mercadoria para o consumidor, a chamada última milha.

    Thibaud Lecuyer, CFO da Loggi, diz que esse modelo de negócio vai ser lucrativo para a empresa, que hoje atende 1.000 municípios. Questionado sobre o fato de os Correios só terem lucro em cerca de 400 cidades dos 5.570 municípios brasileiros, ele diz que a eficiência da startup vai ser o diferencial.

    Queremos conectar o Brasil, e não tem razão o interior do país não estar conectado. Nosso modelo é mais flexível e eficiente com tecnologia. Não tem papel e caneta.

    Thibaud Lecuyer, CEO da Loggi

    A expectativa é que a captação de R$ 1,15 bilhão acelere os planos da empresa que, no ano passado, cresceu 360% — obviamente, com a ajuda das quarentenas causadas pela pandemia. A empresa pretende abrir sete centros logísticos em 2021 nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste.

    Thibaud Lecuyer CFO Loggi
    Thibaud Lecuyer, CFO da Loggi: Dá para ser lucrativo mesmo com entregas distantes
    Foto: Loggi/Divulgação

     

    Dá para crescer mais?

    O mercado brasileiro tem uma demanda reprimida no interior, segundo o executivo. Ele compara o momento atual do Brasil com o da China anos atrás.

    De acordo com Lecuyer, há cinco anos as empresas chinesas focavam apenas nas 50 maiores cidades do país, o que já representava centenas de milhões de habitantes. Mas então se voltaram para os municípios menores, e o consumo também explodiu por lá.

    “Se a pessoa mora no interior do Brasil, evita comprar [na internet] por causa do tempo de entrega”, diz ele.

    Por isso, metade dos R$ 1,15 bilhão recebidos na captação vai ser investida para aumentar a base, automação e capacidade das cidades brasileiras. “É uma questão de planejamento para ter escala”, afirma.

    É até por isso que a Loggi não está preocupada com o avanço das grandes varejistas na área logística. Mercado Livre, Magazine Luiza, B2W e Via Varejo são exemplos de companhias que querem ir além do varejo — e a logística é mais do que fundamental para elas. 

    “Queremos oferecer para os pequenos e médios [varejistas] os mesmos serviços das grandes, com a possibilidade de entrega em dois dias. E o nosso diferencial é que vamos sempre focar em logística”, diz Lecuyer.

    Pressão dos entregadores

    Ao mesmo tempo que a empresa diz ter a receita da lucratividade, também vem sofrendo com a pressão dos entregadores. Na última sexta-feira (19), centenas entregadores de aplicativos, como Uber, iFood, Rappi e Loggi, fizaram uma paralisação. O motivo? Eles querem taxas de entrega mais justas, nas palavras deles.

    Em nota enviada ao CNN Brasil Business, as companhias se posicionaram por meio da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia e afirmaram que “implementaram, desde o início da pandemia, diversas ações de apoio aos entregadores parceiros, tais como a distribuição gratuita ou reembolso pela compra de materiais de higiene e limpeza, como máscara, álcool em gel e desinfetante, e a criação de fundos para o pagamento de auxílio financeiro para parceiros diagnosticados com Covid-19 ou em grupos de risco”.

    “Além disso, os entregadores parceiros cadastrados nas plataformas estão cobertos por seguro contra acidentes pessoais durante as entregas”, diz o comunicado. 

    Isso, no entanto, não é o suficiente no Reino Unido. Lá, a Uber foi obrigada a pagar direitos básicos aos motoristas parceiros da empresa. Agora, cerca de 70 mil usuários vão receber salário e férias.