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    Com aporte, Berkshire se antecipa a IPO inevitável do Nubank, diz Cris Junqueira

    Empresa de Warren Buffett aportou US$ 500 milhões na fintech brasileira

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O Nubank fez barulho nesta terça-feira (8) ao anunciar a conclusão de uma rodada de investimentos que havia começado em janeiro. Os US$ 400 milhões iniciais se transformaram em US$ 1,15 bilhão com duas extensões. Uma delas, de US$ 500 mi, comandada por ninguém menos que Warren Buffett e sua empresa Berkshire Hathaway.

    Em entrevista ao CNN Brasil Business, a cofundadora e CEO da fintech no Brasil, Cristina Junqueira, disse que o acordo foi quase natural. “À medida que o Nubank foi crescendo, começamos a atrair outro tipo de investidores, que estão mais preparados para lidar com esse estágio de amadurecimento”, diz.

    “As conversas começaram em março e foi uma aproximação natural. A Berkshire entende que, no nosso ciclo de vida como empresa, um IPO vai vir em algum momento, e eles são o maior e mais bem-sucedido investidor de empresas abertas do mundo. Então, também é parte do trabalho deles buscar as melhores oportunidades de retorno, mesmo que isso seja em uma empresa que ainda tem capital privado.”

    IPO este que segue, segundo a executiva, sem data para acontecer.

    Com o montante, a empresa superou os US$ 2 bilhões captados em oito anos de existência. Nessa linha, a gestora afirma que o dinheiro será importante para  inserir novas soluções no portfólio, acelerar sua internacionalização e contratar mais capital humano. Mas também entende que, neste momento, é muito mais importante para a companhia ter investidores com esse perfil “em casa”.

    Expansão internacional

    Com mais de 40 milhões de clientes e alcançando um valuation de US$ 30 bilhões, a fintech já faz frente a todos os bancões do país e tem mais valor de mercado que o Banco do Brasil e o BTG, por exemplo. Muito por conta disso, a marca tem buscado expandir sua operação na América Latina, focando inicialmente em México e Colômbia.

    Naturalmente, boa parte do capital levantado irá para essas operações, que ainda estão ganhando escala. Apesar disso, Cristina garante que a recepção tem sido promissora nos países vizinhos. Ela aponta que o Net Promoter Score (métrica que mede a lealdade do cliente a uma empresa) do Nubank no México já chegou a 93%.

    “Estes mercados têm muitas semelhanças com o nosso. Trata-se de um setor concentrado, com serviços ruins, spreads altos. Tamanho é difícil comparar, porque o Brasil é muito grande, mas a rapidez de adoção tem sido ainda maior”, diz.

    Investimentos

    Ela também reverbera a questão de acesso ao falar do setor de investimentos, uma das últimas empreitadas anunciadas pela marca através da compra da corretora Easynvest. Questionada sobre a efervescência do setor nos últimos anos, argumenta que enxerga uma espécie de “rouba-monte”, em provável referência ao duelo entre XP Investimentos e BTG Pactual pelas empresas de assessoria de investimentos.

    “Não estamos neste jogo. Estamos no jogo de mudar, de atender toda população que sequer tem acesso a produtos de investimento. Aqueles que têm dinheiro na poupança, ou algum CDB horroroso que está pagando 80%, 90% do CDI. À medida que a gente possa democratizar o acesso a produtos mais sofisticados, é para essa oportunidade que nós estamos olhando.”

    Utilizando a aquisição da corretora como base, Junqueira também ressalta porque o Nubank não realiza tantos investimentos (neste caso em termos de fusões e aquisições). Ela afirma que tem sido difícil para a empresa encontrar negócios que se pareçam com o modelo que criaram e, por conta disso, seguem apostando mais num crescimento orgânico.

    Resultados financeiros

    Apesar de todas as avenidas de crescimento, a operação do Nubank ainda deixa alguns analistas desconfiados. Isso porque a empresa, apesar de gerar caixa, ainda não dá lucro. Em 2020, registrou prejuízo líquido de R$ 230 milhões, queda de 26% em relação ao resultado de 2019. Mas Cristina e o restante da equipe não estão preocupados.

    “Tem uma confusão que o mercado faz sobre este tema. A gente sabe muito claramente o que dá dinheiro na nossa operação, mas estamos crescendo muito e priorizamos isso. Nosso cartão de crédito, por exemplo, já dá lucro há muito tempo. Já geramos caixa há mais de 3 anos. Nosso modelo de negócio é claro e rentável, não vai mudar nada do dia para a noite”, afirma.

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