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    China está ganhando guerra comercial e as exportações nunca foram tão altas

    A segunda maior economia do mundo fechou 2020 com um superávit comercial de US$ 78 bilhões (cerca de R$ 412 bilhões) em dezembro

    Presidente dos EUA, Donald Trump, ao lado do presidente da China, Xi Jinping
    Presidente dos EUA, Donald Trump, ao lado do presidente da China, Xi Jinping Foto: Kevin Lamarque/Reuters

    Laura He, da CNN Business, em Hong Komg

    A China já estava superando todas as outras grandes economias mundiais no ano passado, enquanto a pandemia de coronavírus afetava o planeta. Para completar, parece que também a situação relativamente segura do país também ofereceu uma vantagem na guerra comercial com os Estados Unidos.

    A segunda maior economia do mundo fechou 2020 com um superávit comercial de US$ 78 bilhões (cerca de R$ 412 bilhões) em dezembro, de acordo com dados oficiais da aduana divulgados na quinta-feira (7). O superávit geral da China no ano atingiu o recorde de US$ 535 bilhões (cerca de R$ 2,8 trilhões), um aumento de 27% em relação a 2019.

    As exportações, por sua vez, atingiram seu nível mais alto. “Em meio a todos os ruídos sobre dissociação econômica e desglobalização, e de forma um tanto inesperada, a pandemia aprofundou os laços entre a China e o resto do mundo”, escreveu Larry Hu, economista-chefe para a China da Macquarie Capital, em um relatório de pesquisa.

    Louis Kuijs, chefe de economia asiática da Oxford Economics, atribuiu os ganhos da China em grande parte à sua gestão da pandemia, que eclodiu na cidade chinesa de Wuhan há pouco mais de um ano. Ele acrescentou que a China se beneficiou de uma grande demanda por equipamentos de proteção e eletrônicos, já que as pessoas ao redor do mundo estavam trabalhando em casa.

     

    “Depois de se recuperar de sua própria crise de Covid-19, a China estava de volta aos negócios quando a pandemia gerou uma enorme demanda nos EUA (e em outros países) por produtos relacionados à Covid-19”, disse Kuijs.

    A relação comercial da China com os Estados Unidos, entretanto, ficou ainda mais desequilibrada: o superávit comercial de Pequim com Washington subiu para US$ 317 bilhões (cerca de R$ 1,6 trilhão) em 2020, um aumento de 7% em relação ao ano anterior e o segundo maior valor já registrado, de acordo com Iris Pang, economista-chefe para a Grande China da ING, agência de análises econômicas e financeiras.

    A quantia ficou apenas US$ 7 bilhões (R$ 37 bilhões) abaixo dos níveis de 2018, quando Trump lançou uma guerra comercial violenta para corrigir o que chamou de uma relação desigual com a segunda maior economia do mundo.

    “A julgar pelo aumento das importações chinesas pelos EUA em 2020, parece justo dizer que a guerra comercial de Trump com a China fracassou”, disse Kuijs.

    As boas notícias chegam dias antes da China anunciar os números do PIB referentes ao fim de 2020 – outro resultado provavelmente positivo. Os analistas esperam que o crescimento econômico da China tenha se recuperado ainda mais durante os últimos três meses do ano. Analistas ouvidos pela Reuters esperam que o PIB chinês tenha crescido 2,1% em todo o ano de 2020.

    “Como a China desempenha um papel essencial em muitas cadeias de suprimentos e continua sendo um lugar muito competitivo para se produzir, falar sobre ‘se dissociar’ dela é fácil, difícil é fazer”, afirmou Kuijs.

    No entanto, o futuro da China tem seus desafios. Analistas destacam que o presidente eleito Joe Biden provavelmente não aliviará parte da pressão sobre o país depois que assumir o cargo na próxima semana. “O governo Biden adotará uma abordagem diferente, menos combativa e mais firme em relação à China”, disse Kuijs. “Mas não é politicamente possível para Biden revogar as tarifas sobre produtos chineses tão cedo”.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)