Carta de Magalhães cita descaso e interferência e rejeita novo presidente do BB
A carta de renúncia enviada ao próprio Conselho menciona que, no caso do BB, foram observadas “tentativas de desrespeitar a governança”
O “reiterado descaso” do governo federal com o Banco do Brasil e também outras estatais foi citado por Hélio Lima Magalhães como razão para a renúncia da presidência do Conselho de Administração do banco federal. A carta de renúncia enviada ao próprio Conselho menciona que, no caso do BB, foram observadas “tentativas de desrespeitar a governança”.
Magalhães acusa o governo de tratar com descaso as estatais e os administradores dessas companhias. Sobre o BB, ele destaca especificamente “as interferências externas na execução do plano de eficiência da companhia aprovado por esse Conselho e obviamente necessário para adequá-la aos novos tempos e desafios do setor”.
Esse plano de reorganização foi anunciado em janeiro por André Brandão, presidente que deixou a instituição. A intenção era fechar 112 agências, executar plano de demissão voluntária de até 5.000 empregados e, assim, economizar R$ 2,7 bilhões até 2025. O plano foi interrompido após protesto do Palácio do Planalto. Medidas semelhantes foram anunciadas pelos bancos concorrentes privados ao longo dos últimos meses.
A carta de renúncia de Magalhães diz ainda que o processo de escolha de Fausto Ribeiro para a presidência do BB – em substituição a Brandão – não foi adequada. “Renovo meu protesto ao rito de escolha do novo presidente do banco, o qual simplesmente não considera desejável o crivo deste Conselho, vez que baseado em legislação anacrônica e contrária às melhoras práticas de governança em nível global”, cita o texto.
Antes de entregar o cargo, Magalhães fez questão de registrar na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) outro documento: um trecho da ata da reunião extraordinária do Conselho do BB realizada no dia anterior, em 31 de março. Nesse texto, ele deixa clara a rejeição ao indicado à presidência do banco e diz que Ribeiro ainda não está pronto para o cargo. “Observa-se que o ora indicado, sem qualquer demérito ao profissional e à sua carreira de 33 anos no BB, não percorreu ainda todas as etapas de funções gerenciais”, cita a ata dessa reunião.