Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Cara ou coroa: chance de privatização da Eletrobras é de 50%, dizem analistas

    Medida Provisória é vista como avanço por especialistas, mas há desconfiança se o governo conseguirá de fato aprovar a pauta que já se arrasta há cinco anos

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O governo quer fazer em apenas 120 dias o que não conseguiu em cinco anos. A privatização da Eletrobras (ELET6) é uma bandeira levantada desde 2016, mas que pouco avançou desde então. 

    Agora, o governo diz que tudo vai andar rápido. A caminhada já começou, literalmente. Na noite de terça-feira (23), Jair Bolsonaro foi andando até o Congresso Nacional para entregar uma medida provisória que trata da privatização da estatal e substitui dois projetos de lei que estão estacionados no Congresso. O prazo de 120 dias, normal de uma MP, pode representar duas coisas: uma privatização recorde ou mais um fracasso para a conta.

    A chance de a pauta ser aprovada é de 50%, segundo especialistas. Ou seja, é a mesma probabilidade de um jogo de cara ou coroa. 

    Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a iniciativa foi positiva, especialmente depois de todo o incêndio causado por Bolsonaro na sexta-feira, quando anunciou por redes sociais a indicação do general Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco. No entanto, Vale não está totalmente confiante no avanço da pauta.

    “O processo vai ser lento por passar por estudos do BNDES, mas não deixa de ser positivo esse avanço. Porém, fico com a impressão de que foi uma concessão do presidente e do Congresso a Paulo Guedes e que vai parar por aí”, diz Vale. “E como é MP pode ser que passe, mas não duvido que acabe caducando quando for ao Senado.”

    O economista não é o único. O banco BTG Pactual também calcula que a chance de privatização é de 50%.

    “Há riscos do texto expirar antes de ser aprovado, especialmente se considerarmos as resistências em tentativas anteriores”, escreveu João Pimentel, analista do banco. Mesmo assim, ele recomenda a compra da ação.

    O Safra vai pelo mesmo caminho. O fato de o BNDES começar a estruturar a privatização é sinal de que o processo pode andar, mas há obstáculos nesse caminho. O analista Daniel Travitzky cita que não se sabe ainda quais serão as prerrogativas do governo com a “golden share” [que funciona como uma ação especial], o que aumenta o risco de intervenção estatal. Também não está claro, segundo Travitzky, como o Congresso receberá a proposta.

    Para completar, a saída de Wilson Ferreira Jr. do cargo de CEO da Eletrobras não ajuda. O executivo renunciou no mês passado, mas ficará no cargo até meados de março. “Nós acreditamos que a saída foi um sinal de que a privtaização não aconteceria no curto prazo”, diz o analista do Safra, que se coloca como neutro para o papel.

    O Itaú, assim como o BTG, também enxerga uma chance de 50% do projeto seguir adiante. “Parece que a privatização tem uma chance maior de acontecer pela melhora do ambiente político”, escrevem os analistas Marcelo Sá, Fernando Zorzi e Luiza Candiota.

    Por isso, aparentemente, há motivos para essa euforia recente das ações, que subiram mais de 20% na semana. No entanto, no ano, os papéis estão praticamente estáveis. 

    “Quando Bolsonaro disse que ia colocar o dedo na energia elétrica, acabou vindo algo melhor do que esperava. Mas ainda é cedo para saber se a MP vai andar. E não deve ser no tempo que o governo espera”, diz Henrique Esteter, analista da Guide.

    Se acontecer a privatização, o BTG acredita que as ações da Eletrobras subirão dos atuais R$ 35 para R$ 74. O banco americano Goldman Sachs enxerga até uma possibilidade delas subiram 100%. O Santander recomenda a compra e vê os papéis alcançando, pelo menos, R$ 54.

    Porém, é bom lembrar que a chance de tudo isso acontecer é a mesma de tirar cara ou coroa ao jogar uma moeda para cima. 

    Tópicos