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    Bye bye, EUA: China vira maior parceiro comercial da Europa

    Movimento é sinal de como a pandemia do novo coronavírus está transformando a economia mundial

    Foto: MarkGabrenya / Getty Images

    Julia Horowitz, do CNN Business, em Londres

     

    A Europa comercializa hoje mais mercadorias com a China do que com os Estados Unidos, um sinal de como a pandemia está transformando a economia mundial.

    Dados divulgados nesta semana pelo serviço de estatísticas da União Europeia atribuíram a mudança a um aumento de 5,6% nas importações da China em 2020 e a um volume 2,2% maior nas exportações.

    Ao mesmo tempo, houve uma “queda significativa” no comércio com os Estados Unidos, com as importações caindo 13,2%, e as exportações, 8,2%. No ano passado, o valor global do comércio de bens entre e a UE e a China foi de € 586 bilhões (cerca de R$ 3,82 trilhões), aproximadamente € 31 bilhões (cerca de R$ 202 bilhões) a mais do que entre a União Europeia e os Estados Unidos. 

     

    A economia da China expandiu 2,3% no ano passado, enquanto corria para se recuperar da pandemia, mas os Estados Unidos viram sua produção encolher 3,5%. Isso permitiu que a China, a segunda maior economia do mundo, aumentasse sua influência.

    Daniel Gros, membro do Centro de Estudos de Política Europeia, disse que a mudança era de se esperar, dado o poder da China na indústria mundial.

    Contudo, ele destacou que os laços da Europa com os Estados Unidos permanecem muito fortes. Embora as mudanças reflitam o comércio total de mercadorias, a União Europeia continua a exportar muito mais para os Estados Unidos do que para a China, gerando um número significativo de empregos, como observou Gros. Os dados também não levam em conta o comércio transatlântico de serviços, que representa cerca de € 494 bilhões (aproximadamente R$ 3,22 trilhões) por ano.

    “A relação transatlântica mundial ainda é muitíssimo mais forte do que a que existe entre a Europa e a China”, disse Gros. “É muito mais profunda porque há mais investimento transfronteiriço e empresas transnacionais, de uma maneira que não se tem com a China”.

    Ainda assim, a UE busca aprofundar sua relação econômica com a China, apesar de enxergar o país como um “concorrente estratégico” e um “rival sistêmico”.

    A Europa possui as mesmas preocupações dos EUA sobre as práticas comerciais e tecnológicas da China. No entanto, no fim do ano passado, finalizou um acordo de investimentos com a China com o objetivo de aumentar o acesso ao mercado.

    A Comissão Europeia disse que estabeleceu “obrigações claras às empresas estatais chinesas”, as quais são, muitas vezes, fortemente subsidiadas, e definiu regras contra transferências forçadas de tecnologia.

    O acordo gerou atrito com os Estados Unidos mesmo assim. Jake Sullivan, que agora é assessor de segurança nacional do presidente Joe Biden, pediu aos líderes da UE que abordassem as preocupações em comum sobre a China com o novo governo dos EUA.

    A mudança da dinâmica comercial pode complicar os esforços de Biden para redefinir as relações com aliados e construir uma coalizão mundial para responsabilizar a China.

    Gros, no entanto, disse que o texto completo do acordo de investimentos da UE é, em última análise, superficial. Ele aconselhou o governo Biden a olhar para além das manchetes, e ver que o conteúdo do acordo, que levou sete anos para ser negociado, mudou “muito pouco”.

    “Antes desse acordo a UE já estava aberta à China, portanto que concessões pode oferecer? Nenhuma”, afirmou. “Assim, que concessões pode-se esperar que a China faça?”

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).