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    Bolsa brasileira tem mecanismos para frear efeito GameStop no país; entenda

    A principal diferença entre a B3 e as bolsas americanas está na sua forma vertical de atividades: ela organiza todas as negociações, liquidações e custódias

    Foto: Reuters/Leonardo Benassatto

    Wesley Santana, colaboração para CNN Brasil Business

     

    O mundo viu as negociações da bolsa americana serem interrompidas diversas vezes na quinta-feira (29) por causa de um grupo organizado em redes sociais. Em uma manobra para valorizar empresas não tão influentes nas cotações, como a GameStop e a rede de cinemas AMC, day traders se juntaram para valorizar os papéis dessas empresas e pegaram os investidores de surpresa.

    No Brasil, há um grupo querendo aproveitar o momento para realizar a mesma façanha. Por meio do aplicativo Telegram, mais de 20 mil pessoas se juntaram na tentativa de subir as ações da resseguradora IRB, que viu seus títulos despencarem no início da pandemia. 

    Por aqui, no entanto, esse tipo de evento não é tão fácil de acontecer. O motivo é a estrutura de funcionamento da B3 e as regras impostas pelo comitê autorregulador. A principal diferença entre a bolsa brasileira e as americanas está na sua forma vertical de atividades, ou seja, ela organiza todas as negociações, liquidações e custódia de produtos.

     

    Por causa deste sistema, a B3 consegue identificar todos os investidores e o caminho das transações. Nos Estados Unidos, porém, a Nyse, Nasdaq e as outras bolsas administram as ações somente no caminho até a corretora de investimentos, sem a informação individual de cada investidor. 

    Segundo o mecanismo de proteção ao mercado brasileiro, há também regras para limitar o aluguel de ações, parte do trabalho dos short-sellers (vendedores a descobertos) e fundamental para esta operação de bolha. Nesse caso, o regulamento impõe uma barreira máxima de aluguel de 20% das ações sob circulação no mercado e mais um teto individual de 5% por investidor. 

    Órgãos estão cientes do que acontece

    Nesta sexta-feira (29), a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) alertou para o que classificou como “atuação irregular de pessoas em mídias sociais”. O órgão ligado ao Ministério da Economia afirmou que tem monitorado os movimentos do mercado e postagens em redes sociais para identificar práticas ilícitas e agir quando houver indícios de atuação com o objetivo deliberado de influir no regular funcionamento do mercado.

    “No Brasil, a depender das características do caso, tais estratégias podem ser tipificadas, em sede administrativa, como “manipulação de preços” (inciso II, alínea “c” da Instrução CVM 8), definição que abarca a utilização de qualquer processo ou artifício destinado, direta ou indiretamente, a elevar, manter ou baixar a cotação de um valor mobiliário, induzindo, terceiros à sua compra e venda”, complementou. 

    A resseguradora IRB informou em nota que teve conhecimento sobre o movimento, mas negou que tenha qualquer envolvimento com a organização. “O IRB Brasil RE reforça que não tem nenhum envolvimento ou ingerência no movimento e que todas as informações que possui a respeito são aquelas disponíveis publicamente.”

    O CNN Brasil Business tentou contato com a B3, mas, até o fechamento desta reportagem, não houve retorno por parte da empresa.