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    Bitcoin tem queda histórica após fala de Musk. É hora de comprar ou vender?

    O executivo disse que sua empresa suspendeu os planos de aceitar a criptomoeda como pagamento por veículos elétricos, citando seu "alto custo ambiental"

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    O bitcoin é um ativo descentralizado, logo governos não têm poder de acelerar ou reduzir a sua produção nem atuam diretamente no sobe e desce da moeda digital. Mas um homem tem se mostrado capaz de fazer este e outros criptoativos se valorizarem (ou desvalorizarem).

    Os preços do bitcoin despencaram cerca de 12% nas últimas 24 horas, para menos de US$ 50 mil, de acordo com a Coindesk. Trata-se da segunda maior queda da história em números absolutos.

    Isso porque Elon Musk, CEO da Tesla e defensor do mercado de cripto, disse que sua empresa estava suspendendo os planos de aceitar a criptomoeda como pagamento por veículos elétricos, citando seu “alto custo ambiental”.

    Mineração consome energia

    “Estamos preocupados com o rápido aumento do uso de combustíveis fósseis para mineração e transações de bitcoin, especialmente carvão, que tem as piores emissões de qualquer combustível”, disse Musk, em uma nota postada no Twitter na quarta-feira (12). “As criptomoedas são uma boa ideia em muitos níveis e acreditamos que elas têm um futuro promissor, mas isso não pode ser feito à custa do meio ambiente.”

    A mineração do ativo realmente requer um grande gasto de energia elétrica, mas essa não é uma discussão nova.

    “O segmento vem buscando, cada vez mais, consumir energia renovável nos seus processos. Vale ressaltar, no entanto, que é uma indústria que hoje consome quase 1% da energia global para assegurar e proteger um ativo que vale cerca de US$ 1 trilhão”, diz Bernardo Schucman, CEO da FastBlock, empresa brasileira de mineração. 

    Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin, afirma que, para minimizar este impacto, um investidor pode comprar, por exemplo, tokens de créditos de carbono para neutralizar a pegada dos bitcoins que tem em carteira. A Moss Earth, especializada no tema, fez esse cálculo: são necessários dois tokens MCO2, representativos de uma tonelada de CO2 cada, para você ter um “Bitcoin Verde”.

    Mercado

    O anúncio da Tesla ocorre depois que uma enorme tendência de alta do bitcoin, no início deste ano, alimentou o entusiasmo entre os investidores por todos os tipos de moedas — mesmo aquelas baseadas em memes e sem uso prático. O próprio Musk havia sido um grande catalisador disso.

    “Além de empreendedor, Musk é um dos grandes influenciadores do Twitter. Esse grupo vem se mostrando muito eficiente em gerar, no curto prazo, resultados diretos nos preços de ativos líquidos como (ação da) GameStop e dogecoin. Isso não é um fenômeno que impacta só o bitcoin, e o mercado financeiro precisa se adaptar”, diz Schucman.

    O ethereum, que ganhou popularidade juntamente com o aumento de tokens não fungíveis, ou NFTs, caiu 14% nas últimas 24 horas, de acordo com a CoinMarketCap. Depois de bater um recorde de US$ 4.385 no início desta semana, agora está sendo negociado por cerca de US$ 3.700.

    Já o dogecoin, moeda de piada inspirada em um meme de cachorro — que está na lista de favoritos de Musk —, atingiu seu recorde histórico de quase US$ 0,74 no início deste mês. Caiu 19% na última noite e agora está sendo negociado a cerca de US$ 0,40.

    O shiba inu, um flagrante spin off do doge, viu seu preço despencar 40% nas últimas 24 horas. “Dogelon mars” — o token de meme mais puro que você pode encontrar — já despencou 68%.

    Em nota publicada no início desta semana, os analistas da Vanda Research, Ben Onatibia e Giacomo Pierantoni, alertaram que a “subida meteórica das criptomoedas tem um sopro de déjà vu”, lembrando aos clientes que os investidores também giraram em moedas menores quando a alta do bitcoin começou a parecer cansada em 2017. 

    É hora de comprar?

    Se os preços das criptos despencarem ainda mais — seja em breve ou em algum momento no futuro — Onatibia e Pierantoni preveem que os investidores de varejo começarão a favorecer as ações novamente, já que alguns ativos favoritos dos investidores de plataformas como a Robinhood agora parecem baratos em comparação com as altas de fevereiro.

    “Normalmente, depois das grandes subidas e picos, vêm períodos de correção e lateralização de mercado. Ainda tem muita coisa para acontecer com o bitcoin este ano”, opina Ricardo Dantas, CO-CEO da Foxbit. “Os fundamentos do BTC não mudaram. No curto prazo, pode-se esperar volatilidade. No longo prazo, a meu ver, o sentimento altista se mantém”, corrobora Vinicius Frias, CEO do Alter.

    Rafael Izidoro, CEO da Rispar, que oferece crédito com garantia em bitcoin, enxerga viés mais positivo. “Este cenário de queda serve como uma ‘promoção’ para novas aquisições, principalmente do mercado institucional. A Microstrategy, por exemplo, já anunciou novos aportes no ativo. Acredito que logo o preço volte ao patamar anterior.”

    Ainda mais otimista, Schucman, da FastBlock, espera que o ativo chegue aos US$ 150 mil no final de 2021.

    *Com informações de Julia Horowitz, do CNN Business

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