BCE traça nova direção para política monetária em meio ao temor da pandemia
A orientação atual do BCE é de que o banco comprará títulos pelo tempo que julgar necessário e manterá as taxas de juros nos níveis atuais
As autoridades do Banco Central Europeu (BCE) estão a caminho de uma batalha na próxima semana conforme traçam um novo direcionamento da política monetária em meio a temores crescentes de uma terceira onda de infecções por coronavírus.
A atualização das orientações é necessária devido à nova estratégia do BCE, que diz que o banco central deve deixar a inflação nos 19 países que usam o euro ultrapassar 2% quando os juros estiverem baixos – como estão agora.
Essa mudança de estratégia, anunciada na semana passada, foi aprovada por unanimidade, mas colocá-la em prática está se mostrando mais complicado.
A razão disso é que as autoridades do Conselho do BCE discordam sobre as perspectivas econômicas e, portanto, sobre a quantidade de estímulos necessário, principalmente na forma de compras de títulos.
A orientação atual do BCE é de que o banco comprará títulos pelo tempo que julgar necessário e manterá as taxas de juros nos níveis atuais, em mínimas recordes, até que esteja satisfeito com a convergência da inflação em direção a sua meta.
Presidentes de bancos centrais de países endividados como o português Mario Centeno e o italiano Ignazio Visco se manifestaram, argumentando que a nova estratégia significa que o BCE deve manter as torneiras de dinheiro abertas por ainda mais tempo.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, não deu nenhuma indicação específica sobre como a orientação pode mudar, embora sua ênfase na “persistência que precisamos demonstrar” sugira que ela pode estar do lado dos mais “dovish”.
Mas os “hawks”, que são a favor de políticas monetárias mais rígidas e tendem a vir de países com níveis de dívida/PIB mais baixas, não vão aceitar sem lutar na reunião de 22 de julho.
Isabel Schnabel, membro alemã da diretoria do BCE, disse que a inflação pode convergir para a meta do BCE “talvez mais cedo do que algumas pessoas esperam no momento”.
E o colega alemão Jens Weidmann, presidente do Bundesbank nacional, disse que o BCE não deve tentar compensar o espaço perdido na década passada, quando a inflação esteve abaixo de sua meta na maior parte do tempo.
O BCE espera que a inflação na zona do euro atinja 1,9% este ano, antes de cair para 1,5% em 2022 e 1,4% no ano seguinte.