BCE desacelera ritmo de alta de juros mas promete continuar combate à inflação
Órgão também apresentou planos para drenar dinheiro do sistema financeiro
O Banco Central Europeu aumentou as taxas de juros pela quarta vez consecutiva nesta quinta-feira (15), embora em magnitude menor do que em suas duas últimas reuniões, prometeu novos aumentos e apresentou planos para drenar dinheiro do sistema financeiro como parte de sua luta contra a inflação desenfreada.
O BCE vem aumentando os juros a um ritmo sem precedentes para controlar os preços que subiram desde que as economias reabriram após a pandemia de Covid-19, impulsionados por gargalos no fornecimento e depois pelo aumento dos custos de energia após a invasão russa da Ucrânia.
O banco central dos 19 países da zona do euro aumentou a taxa de juros que paga sobre os depósitos bancários de 1,5% para 2% nesta quinta-feira, afastando-se ainda mais de uma década de política monetária ultrafrouxa.
Mas a decisão marcou uma desaceleração no ritmo de aperto depois de altas de 0,75 ponto percentual em cada uma das duas reuniões anteriores do BCE, uma vez que a inflação mostra sinais de ter atingido o pico e com uma recessão se aproximando.
A decisão ficou em linha com as expectativas de economistas e espelhou aumentos semelhantes do Banco da Inglaterra na quinta-feira e do Federal Reserve na quarta-feira.
Mas, assim como o banco central britânico e o norte-americano, o BCE sinalizou custos de empréstimo ainda mais altos à frente para persuadir os investidores de que mantém a seriedade no combate à inflação, que pode ficar acima da meta de 2% do até 2025.
“O Conselho do BCE considera que as taxas de juros ainda terão que subir significativamente a um ritmo constante para atingir níveis suficientemente restritivos para garantir um retorno oportuno da inflação à meta de 2% a médio prazo”, disse o BCE
O BCE também elaborou planos para deixar de substituir os títulos vencidos de sua carteira de 5 trilhões de euros (5,31 trilhões de dólares), revertendo anos de compras de ativos que transformaram o banco central no maior credor de muitos governos da zona do euro.
Segundo o plano, o BCE reduzirá os reinvestimentos mensais de seu Programa de Compra de Ativos em 15 bilhões de euros a partir de março e revisará o ritmo de redução do balanço a partir de julho.
A medida, que enxuga liquidez do sistema financeiro, foi projetada para permitir que os custos de empréstimos de longo prazo aumentem e segue um passo semelhante por parte do Fed no início deste ano.