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    Bayern x PSG: entenda como cada clube conquistou as suas receitas milionárias

    Petroeuros de um lado, sócio-torcedor do outro; clubes possuem maneiras bem distintas de conquistar

    André Jankavski,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    PSG foi declarado campeão francês após suspensão definitiva da liga
    Jogadores do PSG comemoram gol: clube foi regado pelos petroeuros vindos do Qatar
    Foto: Benoit Tessier – 04.mar.2020/ Reuters

    A final da Liga dos Campeões entre Paris Saint-Germain e o Bayern de Munique, vencida pelo time alemão pela sexta vez, colocou frente a frente times com receitas somadas de € 1,3 bilhão de euros. Trata-se do maior valor histórico de ambas as equipes, mas que tiveram caminhos bem diferentes para chegar a esses valores astronômicos.

    O PSG, de Neymar e Kylian Mbappé, é um exemplo dos ‘novos ricos’ regados ao dinheiro vindo do petróleo do Oriente Médio. Prova disso é que em 2010, o PSG nem mesmo figurava mais entre os principais postulantes ao título do campeonato francês, a Ligue 1. Nesse ano, o clube faturou € 90 milhões.

    Mas tudo mudou em 2011, quando o fundo soberano do Qatar, ligado ao governo do país, comprou o clube francês, que tinha o atacante Nenê (hoje jogador do Fluminense) como a principal estrela. O valor pago na época foi de cerca de € 50 milhões.

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    Para se ter uma ideia de quão baixo é o valor, em 2017, o PSG pagou € 222 milhões para tirar Neymar do Barcelona. No mesmo ano, desembolsaram € 180 milhões pela revelação Mbappé.

    A meta dos controladores er atransformar o clube em um dos maiores da Europa e também trazer uma imagem positiva do país do Oriente Médio.

    Afinal, o Qatar, apesar de ser um país pequeno territorialmente, possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo – à frente inclusive do Brasil. Ao mesmo tempo, é o país mais desigual do mundo, segundo dados do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas (ONU). Logo, utilizar o futebol para fazer uma espécie de “limpeza” de imagem vem a calhar.

    E a receita do PSG só cresceu desde então (veja gráfico abaixo). De 2010 para cá, segundo levantamento realizado pela consultoria Sports Value a pedido do CNN Business, a receita do PSG multiplicou por 7 e alcançou € 636 milhões.

    Os títulos, no entanto, se resumiram a conquistas nacionais. Dos último oito campeonatos franceses, o PSG venceu sete – a maioria deles com uma grande vantagem aos principais rivais. Antes disso, o time de Neymar havia conquistado apenas dois “francesões” em sua história.

    Mas a Liga dos Campeões sempre foi o principal objetivo de cobiça: afinal, a Ligue 1 não é lá vista como um grande campeonato como a Premier League, na Inglaterra, e os campeonatos espanhol e italiano. A derrota, portanto, deixa um gosto bem amargo na boca dos franceses.

    Tradição (e muitos sócios)

    Ao contrário do PSG, o Bayern de Munique é um clube de tradição na Alemanha há anos. Ele é 30 vezes campeão alemão (sendo o primeiro título na década de 1930) e cinco vezes campeão da Europa. O domínio nacional atualmente, no entanto, se assemelha ao do PSG na França: nos últimos 20 anos, o clube conquistou 14 vezes o “alemãozão”.

    E, apesar de não ter crescido na mesma velocidade dos euros do petróleo do PSG, o Bayern também deu um grande salto em sua receita na última década. O faturamento mais do que dobrou de 2010 até 2019 e alcançou € 660 milhões.

    Jogadores Jerome Boateng e Lucas Hernandez comemoram título do Bayern de Munique
    Jogadores Jerome Boateng e Lucas Hernandez comemoram título do Bayern: líder, também, em sócios torcedores
    Foto: Martin Meissner/Reuters

    Um dos grandes motivos disso é a paixão dos seus torcedores, que fica muito bem visível no seu programa de sócio-torcedor. O Bayern lidera o ranking do programa de torcedores com 293 mil sócios pagos – o segundo é o português Benfica, com ‘apenas’ 230 mil. Cerca de € 100 milhões da sua receita vem do programa. 

    Com a Allianz Arena sempre cheia, o clube Bayern é um dos exemplos de clubes bem administrados da Europa. Não por acaso, sempre organiza a sua “Jahreshauptversammlung” para mostrar os seus resultados financeiros para os seus torcedores e investidores.

    Mesmo assim, o clube aproveita que é o mais popular da Alemanha e com mais torcedores (Munique fica toda em vermelho quando tem o jogo do time) para também abocanhar uma boa fatia de marketing.

    Não por acaso, mesmo com jogadores menos badalados do que o PSG, consegue ter uma receita similar em marketing – inclusive, a companhia aérea Qatar Airways é um dos patrocinadores do Bayern (confira receitas de marketing abaixo).

    Como as receitas de ambos estão bem próximas (diferença de apenas € 24 milhões) o título pode, inclusive, definir quem será maior em 2020. Ou “menos menor”, já que a pandemia deve afetar as receitas de ambos neste ano. Afinal, ambos estão jogando com estádios vazios e o caminho até a final do torneio teve duas partidas a menos do que em competições normais.

    Em outro levantamento realizado pelo Sports Value, o Bayern de Munique deve ter perdas de receitas entre 12% e 30% neste ano. Já o PSG, deve ter redução de uma fatia entre 16% e 31% neste ano. Logo, a vitória do Bayern pode fazer com que a queda nas receitas seja bem menor do que o esperado.

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