Banco Central estuda usar leitura facial para ampliar Pix
"Temos outras ideias: temos o Pix por aproximação que está vindo, temos o online e offline", disse o presidente do BC
Depois de anunciar o Pix saque e o Pix troco, o Banco Central continua estuando novas funcionalidades para o sistema de pagamentos instantâneos criado pela autoridade monetária. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, mencionou, nesta quarta-feira (26), o uso de leitura facial, o Pix por aproximação e o uso offline do meio de pagamento. Todas ainda não disponíveis.
“É um exemplo de como conseguimos, com a tecnologia, transformar uma coisa que tem custo em uma coisa que tem benefício. Temos outras ideias: temos o Pix por aproximação que está vindo, temos o online e offline”, afirmou em conversa virtual com a equipe do canal MyNews. “Coisas como leitura facial e outra também estão no radar”, completou.
Segundo ele, o Pix offline deve funcionar com um cartão, para o qual o dinheiro seria transferido e que serviria como um cartão recarregável.
“Estamos desenhando um sistema aonde você vai pegar o seu telefone, vai pegar um cartão, como se fosse desses que usa no ônibus, você aproxima o cartão do telefone e transfere o recurso do online (celular) para o offline (cartão)”,exemplificou.
Campos Neto ainda afirmou que uma série de outras funcionalidades estão sendo analisadas pela equipe do Banco Central, no entanto ainda não estão prontas para serem anunciadas. “Temos várias funcionalidades e temos nos concentrado em lançar uma nova funcionalidade sempre que existe uma segurança completa em relação aquilo que foi atingido”, afirmou.
Ele voltou a repetir ainda que, no futuro, o Pix poderá ser uma espécie de identidade digital do brasileiro. Nessa linha ele destacou o que o ângulo de usar o sistema para criar serviços públicos mais eficientes também ainda não foi explorado.
“Grande parte do custo do serviço público está na burocracia, na lentidão, na ineficiência, e a digitalização remove isso. Então, entendemos que o Pix pode, em algum momento, cumprir essa função”, comentou.
Reciprocidade
O BC também trabalha para lançar, em breve, o Open Finance, antes chamado de Open Banking. A ideia é que a inovação sirva para o compartilhamento de dados, aumentando a concorrência no meio financeiro e melhorando a qualidade dos serviços.
No entanto, Campos Neto explicou que a equipe trabalhar para não permitir que o Open Finance seja lançado sem reciprocidade entre as empresas que compartilhariam os dados. Isso porque a interpretação e leitura de dados, bem como a forma de armazenamento dos mesmos, é diferente nas instituições financeiras e nas demais empresas.
“Se uma bigtech ou uma empresa de mídia social quiser entrar no open finance e quiser informações bancárias, o banco também vai ter direito de ter informações do grupo que está pedindo. Tem que ter uma reciprocidade”, defendeu.
“Na reciprocidade, tem elemento de complexidade alta: os bancos tratam dados de uma forma muito fácil de ler e extrair do banco de dados. Isso não é verdade para a mídia social. Muitos grupos de mídia social controlam os dados através de algoritmos aonde é impossível simplesmente abrir o banco de dados deles, porque os bancos vão entrar e não vão saber interpretar o que tem lá”, explicou.
Para ele, o fato de dados ser um ativo valioso, mas sem regulação e/ou taxação torna o controle do desenvolvimento nesse contexto mais complexo. “Tenho sempre dito isso nas conversas com os agentes (financeiros), que a gente só vai deixar que exista essa interação se todos tiverem condições homogêneas de competir por esses dados”, completou.