Balanços superam expectativas otimistas de Wall Street e impulsionam ações
Empresas de capital aberto vêm apresentando lucros acima do esperado por analistas. Mercado aguarda por Big Techs nesta semana
A temporada de balanços em Wall Street está superando todas as expectativas do mercado. Os resultados corporativos estão trazendo otimismo e sustentando as bolsas norte-americanas mesmo enquanto a variante Delta do novo coronavírus pressiona os índices acionários.
Por enquanto, 111 das 498 empresas que compõem o S&P 500 apresentaram os resultados do segundo trimestre. Segundo a Bloomberg, 87% delas reportaram lucro acima do esperado pelo mercado.
Na Nasdaq, apenas 249 de 2.834 empresas mostraram seus números do último trimestre, mas os números também são animadores: 76% revelaram balanços com rentabilidade acima do que esperavam analistas.
Apesar da preocupação com o avanço da variante Delta, o mercado encontrou nos balanços motivos para otimismo. Com isso, os índices acionários dos Estados Unidos bateram recordes na sexta-feira (23), com o Dow Jones fechando acima dos 35 mil pontos pela primeira vez na história.
“Os incentivos dados pelo governo dos EUA, somados à antecipação da vacinação contra a Covid-19 liberaram o mercado e a demanda evoluiu rapidamente. Tudo isso se reflete em dinheiro circulando e crescimento econômico”, explica Oscar Malvessi, consultor e coordenador do curso e Fusões e Aquisições da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Antes da temporada de balanços, o CNN Brasil Business mostrou que quem frequenta Wall Street estava muito confiante, o que alguns analistas consideravam perigoso. Mas, por enquanto, os balanços se mostraram robustos o suficiente para superar até as projeções otimistas.
Nesta semana, o mercado vai avaliar o desempenho das Big Techs. Apple, Microsoft e Alphabet – dona do Google – mostram seus resultados na terça-feira (27). Os resultados do Facebook serão anunciados no dia seguinte, enquanto a Amazon marcou para quinta-feira (29) a divulgação de seus números.
O caso Whirlpool
Um número chamou atenção em meio a centenas de balanços. No segundo trimestre, o lucro da fabricante de eletrodomésticos Whirlpool cresceu 17 vezes na comparação com o mesmo período no ano passado.
Vale dizer que as empresas têm no segundo trimestre uma base de comparação fraca, já que este foi o período mais afetado pela crise sanitária e econômica no ano passado. Mas o caso da Whirlpool superou as expectativas mesmo colocando na conta o período em que foi impactada negativamente pela pandemia, o que mostra na prática como a temporada de balanços tem sido boa nos EUA.
O lucro por ação ajustado da empresa ficou em US$ 6,64, de US$ 2,07 anteriormente e acima da previsão de US$ 6,00 dos analistas consultados pelo FactSet. O lucro total passou de US$ 30 milhões para US$ 581 milhões.
“A empresa teve ganhos efetivos na pandemia, com boa performance na geração de caixa. Com os consumidores em casa, houve crescimento na demanda por geladeiras, máquinas de lavar etc. Eles conseguiram controlar os custos e chegar a uma receita maior”, explica Fabio Gallo, consultor de investimentos e professor de finanças da FGV.
Reflexos no Brasil
Para Malvessi, da FGV, a temporada positiva de balanços em Wall Street pode beneficiar o Brasil. Ele explica que o país pode atrair mais investimentos “contando que não tenhamos retrocessos”.
Esses retrocessos citados pelo professor podem estar na esfera política, principal fraqueza do Brasil quando o assunto é economia. Enquanto os investidores estrangeiros olharem para o país com dúvidas, o acesso a dinheiro de fora será dificultado.
“Temos potencial de crescimento, com a economia começando a dar sinais de recuperação forte, mas o risco político ainda é enorme”, avalia Fabio Gallo.
Além do andamento das reformas tributária e administrativa, os investidores também monitoram discussões sobre o fundo eleitoral e voto impresso auditável.