Ação do Pão de Açúcar recua 65,8%, enquanto Assaí estreia com alta de 386%
Analistas do BTG e do Banco Safra recomendam compra dos papéis do Grupo Pão de Açúcar e indicam que o preço-alvo em 12 meses pode ficar ao redor de R$ 100
Dividir para conquistar nem sempre é uma boa estratégia. Ao menos, não foi para o Grupo Pão de Açúcar. As ações da varejista derreteram de 65,8% nesta segunda-feira (1) com o início da negociação na bolsa dos papéis do “atacarejo” Assaí, que estrearam com valorização estrondosa de 385,7%.
A história remonta ao ano passado, quando os acionistas do GPA e da subsidiária Sendas decidiram fazer uma renegociação societária. Em 31 de dezembro, eles aprovaram a cisão do Assaí que foi concluída nesta segunda-feira.
A queda acentuada dos papéis do Grupo Pão de Açúcar contrasta obviamente com a alta expressiva das ações do Assaí. Isso acontece porque há uma reprecificação dos ativos. A projeção é que o valor de mercado do Assaí seja de R$ 25 bilhões, enquanto do Grupo Pão de Açúcar deve girar em torno de R$ 5 bilhões.
Nos últimos anos, o motor de crescimento do GPA era o Assaí. No balanço do terceiro trimestre, a companhia escreveu sobre o Assaí, cujo Ebitda ajustado subiu 48%: “a performance do trimestre foi impulsionada pela excelente contribuição das lojas abertas nos últimos 24 meses, retorno gradual do ‘food service’, continuidade do aumento da participação do consumidor pessoa física e inflação nas categorias de commodities”.
Há investidores e analistas, no entanto, que veem com bons olhos o avanço do segmento de multivarejo no quarto trimestre do GPA — e olham a queda desta segunda como uma chance para comprar os papéis à espera da valorização.
De fato, mesmo com a saída do Assaí, o quarto trimestre do Grupo Pão de Açúcar foi bastante positivo. A receita líquida subiu 49,4% para R$ 13,9 bilhões, enquanto o lucro líquido subiu 600% para R$ 656 milhões. Já no ano, a receita líquida saltou 74,8% para R$ 50,4 bilhões e o lucro líquido avançou 56,1% para R$ 1,2 bilhão.
“Vemos uma relevante valorização a ser capturada pelos investidores”, escreveram Luiz Guanais, Gabriel Savi, Victor Rogatis, analistas do BTG Pactual, em relatório. A casa recomenda a compra dos papéis, que têm preço-alvo de R$ 99.
Guilherme Assis e Felipe Reboredo, analistas do Banco Safra, previam que os resultados do multivarejo sustentariam o preço das ações do GPA com a cisão do Assaí. “Reiteramos que o Grupo Pão de Açúcar é a nossa ação favorita ligada a varejo de alimentos”, escreveram, acrescentando que o preço-alvo das ações do GPA é de R$ 102. “No futuro, estaremos prestando muita atenção ao GPA autônomo avaliação de operações, pois pode haver uma incompatibilidade, uma vez que comece a negociar separadamente.”
Resta aguardar para ver se a estratégia de cindir as operações será positiva para as duas empresas na bolsa (ou só para o Assaí).