O que é o Donbass e por que é tão importante no conflito atual
Território é alvo de disputa entre separatistas e Ucrânia desde 2014 com envolvimento direto russo
As ações recentes da Rússia sugerem uma aparente mudança para redirecionar seus esforços militares para a região de Donbass, no leste da Ucrânia.
Mas o que é o Donbass e quão significativo é o seu papel na guerra em curso entre a Rússia e a Ucrânia?
Os eventos de 2014 são cruciais para a situação atual. Naquela época, rebeldes apoiados pela Rússia tomaram prédios governamentais em vilas e cidades do leste da Ucrânia. Intensos combates deixaram partes de Luhansk e Donetsk, na região de Donbass, nas mãos de separatistas apoiados pela Rússia.
A Rússia também anexou a Crimeia da Ucrânia em 2014, em um movimento que provocou condenação global.
As áreas controladas pelos separatistas em Donbass ficaram conhecidas como Luhansk e República Popular de Donetsk, mas o governo ucraniano em Kiev afirma que as duas regiões estão, na verdade, ocupadas pelos russos. As repúblicas autodeclaradas não são reconhecidas por nenhum governo, exceto a Rússia e seu aliado próximo, a Síria.
O governo ucraniano se recusa a falar diretamente com qualquer uma das repúblicas separatistas.
A linguagem em torno do conflito é fortemente politizada. O governo ucraniano chama as forças separatistas de “invasores” e “ocupantes”. A mídia russa chama as forças separatistas de “milícias” e sustenta que são locais se defendendo contra o governo de Kiev.
Mais de 14 mil pessoas morreram no conflito em Donbass entre 2014 e a invasão da Ucrânia pela Rússia no final de fevereiro de 2022. A Ucrânia disse que 1,5 milhão de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas durante esse período, com a maioria permanecendo nas áreas de Donbass que ainda estavam sob controle ucraniano e cerca de 200 mil se reassentando na região mais ampla de Kiev.
Os separatistas em Donbass tiveram apoio substancial de Moscou, com os EUA, a Otan e as autoridades ucranianas dizendo que o governo russo fornece aos separatistas, apoio consultivo e de inteligência, além de incorporar seus próprios oficiais às fileiras rebeldes.
Moscou também distribuiu centenas de milhares de passaportes russos para pessoas em Donbass nos últimos anos. Antes da invasão, autoridades e observadores ocidentais acusaram o presidente russo, Vladimir Putin, de tentar estabelecer fatos ao naturalizar ucranianos como cidadãos russos, uma maneira de reconhecer de fato os estados separatistas.
Putin há muito acusa a Ucrânia de violar os direitos de russos étnicos e falantes de russo na Ucrânia, e nas semanas anteriores à invasão ele alegou que um “genocídio” estava sendo cometido em Donbass.
Tal como em 2014, a região volta a estar no centro do conflito militar e geopolítico.