Plano Safra amplia desgaste na relação do governo com agronegócio, dizem fontes da bancada ruralista
Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, fez aceno ao setor, em discurso que anunciou medidas
Os detalhes do Plano Safra, anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, causaram insatisfação na Frente Parlamentar do Agronegócio, a FPA, e esgarçaram ainda mais a relação de parlamentares e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, segundo fontes ouvidas pela CNN.
De acordo com deputados ligados ao agro, a “equalização de juros do Plano Safra não está adequada” e as taxas estão muito altas. As taxas de juros variam entre 7% ao ano e 12%, de acordo com cada linha de crédito disponibilizada pelo programa.
A bancada ruralista vem de uma relação de desgaste crescente com Fávaro e reclama que o Plano não foi discutido com os parlamentares.
A avaliação de deputados ouvidos pela CNN é de que o governo perdeu a pouca interlocução que tinha com o setor, ideologicamente mais próximo às ideias do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo esses deputados, já havia uma indisposição com a atual gestão petista e o governo afugenta ainda mais o diálogo.
Em reuniões privadas, ministros de Lula admitem que têm problema de aproximação de Fávaro com o agronegócio e que o diálogo entre o governo e o setor “caiu no colo” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Durante o lançamento do Plano Safra, Carlos Fávaro fez uma menção honrosa à Frente Parlamentar do Agronegócio, elogiando a postura de trabalhar por mais recursos, e afirmou que estão na mesma linha do governo. A fala foi interpretada como uma sinalização de paz à bancada.
A CNN procurou o Ministério da Agricultura sobre as críticas da bancada ruralista e aguarda o retorno.