Escolha de substituto de secretário do Ministério da Agricultura cria novo racha entre governo e setor
Bancada do agronegócio rejeitou a indicação do deputado Guilherme Campos (PSD-SP) à secretária de Política Agrícola
As bancadas do agronegócio na Câmara dos Deputados e no Senado Federal estão desgostosas com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva desde o início da gestão.
A despeito da pauta ideológica, o setor pressiona pela aprovação do projeto Combustível do Futuro, que cria um marco regulatório para o setor de biocombustíveis e estipula, por exemplo, um aumento na porcentagem de combustíveis renováveis no diesel. O projeto está parado no Senado.
Movimentos recentes do governo, porém, afetaram uma estratégia de aproximação costurada pelos ministros Carlos Fávaro, da Agricultura, e Geraldo Alckmin, da Indústria.
O malfadado leilão para a compra de arroz irritou expoentes da representação do setor no Congresso Nacional e afastou o agronegócio do governo.
O setor pressiona o governo para que desista do certame, depois das acusações de irregularidades envolvendo as empresas vencedoras da licitação. Deputados da oposição — entre eles, alguns alinhados ao agronegócio —, inclusive, coletam assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o leilão.
O caso culminou na demissão de Neri Geller, então secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura — mais um episódio que colocou o governo e o agronegócio em lados opostos.
Em reuniões com expoentes do governo, a bancada do agronegócio rejeitou a indicação do deputado Guilherme Campos (PSD-SP) à secretária de Política Agrícola. Deputados reclamam que querem ser ouvidos para a indicação à vaga de Geller.
Setores dentro do Congresso Nacional trabalham para fortalecer o nome de Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) como possível articulador pela indicação.