Análise: Inflação dos alimentos impacta queda na aprovação de Lula
Pesquisa Datafolha revela queda na popularidade do presidente, com inflação dos alimentos superando média do IBGE e afetando percepção econômica
A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu seu pior índice em seus três mandatos, registrando apenas 24%, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14).
Essa queda se deve principalmente à inflação dos alimentos, que tem impactado diretamente o bolso dos brasileiros.
Enquanto a inflação oficial medida pelo IBGE fechou em 4,83% no ano passado – já acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional de 3% –, a inflação dos alimentos alcançou 7,69%.
Esse aumento expressivo nos preços dos alimentos tem gerado um sentimento generalizado de que as compras no mercado estão mais caras, refletindo-se na percepção negativa da população sobre a situação econômica do país.
Além da questão inflacionária, há uma ausência de novas propostas econômicas por parte do governo.
A falta de iniciativas robustas para uma arrumação fiscal, por exemplo, tem gerado insegurança entre agentes do mercado financeiro e do setor produtivo.
Essa incerteza, somada a uma taxa de juros elevada, tem desencorajado investimentos e novos negócios, contribuindo para uma perspectiva econômica menos otimista para o futuro próximo.
Apesar de o Brasil ter experimentado um crescimento robusto no ano passado e manter uma taxa de desemprego baixa, as expectativas para o futuro são mais negativas do que positivas.
A queda na popularidade de Lula não afeta apenas o presidente, mas também coloca em xeque possíveis candidatos dentro do Partido dos Trabalhadores.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, visto como um potencial candidato, já enfrenta críticas relacionadas às políticas de aumento de arrecadação e à reação negativa do mercado a algumas propostas econômicas.
Auxiliares do presidente, no entanto, ainda acreditam na possibilidade de uma recuperação da popularidade. Eles apostam em políticas como a revisão da faixa de isenção do Imposto de Renda para reconquistar parte do eleitorado até as próximas eleições.