Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Victor Irajá
    Blog

    Victor Irajá

    Com passagens por Estadão e rádio CBN, foi editor do Radar Econômico, da revista Veja. É especializado em Economia pela FGV e pelo Insper

    CNN Brasil Money

    Bancos reagem com desconfiança a pacote anunciado por Haddad

    As expectativas ficaram aquém do esperado para as instituições financeiras

    A série de medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, provocou uma reação amarga por parte do mercado e, em meio à expectativa de sinalizações mais sólidas a respeito da higidez com as contas públicas, as expectativas ficaram aquém do esperado para as instituições financeiras. O pacote de corte de gastos soma R$ 70 bilhões de reais.

    O Goldman Sachs avalia, em relatório, que as medidas são “insuficientes e mal calibradas para os desafios macroeconômicos atuais”.

    Entre os principais pontos do pacote estão a elevação da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil mensais, compensada por uma nova taxação sobre rendimentos acima de R$ 50 mil mensais.

    No entanto, segundo o banco, a proposta enfrenta resistência no Congresso, o que aumenta as dúvidas sobre sua efetividade.

    O impacto estimado do pacote, que promete economias de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026, foi considerado pequeno e diluído ao longo do tempo. O relatório do aponta que as medidas são excessivamente atrasadas e não condizem com as necessidades de uma economia que enfrenta pressão inflacionária, desvalorização cambial e crescente risco fiscal.

    A promessa de não cortar gastos, mas apenas conter o crescimento das despesas obrigatórias, virou motivo de preocupação para os analistas.

    Para Alberto Ramos, autor do relatório, “o governo continua a adotar uma estratégia de tributar e gastar, sem priorizar um aperto fiscal consistente, o que pode levar a um aumento contínuo da dívida pública em relação ao PIB”.

    Além disso, o aumento da faixa de isenção do imposto de renda, embora popular, pode impactar negativamente as receitas, com perda estimada de mais de R$ 40 bilhões — sem a garantia de que a compensação será aprovada pelo Congresso Nacional.

    “Nossa visão é de que o pacote é modesto, aquém do que o governo anunciou e, de fato, vemos uma composição negativa”, diz Tiago Sbardelotto, economista da XP. “Há medidas positivas, estruturantes, como a mudança na regra do salário mínimo, que é bem-vinda, mas ainda assim ficou abaixo do esperado pelo mercado. O salário mínimo ainda vai crescer acima do arcabouço no longo prazo, o que preocupa, pois deve pressionar a despesa”, afirma.

    Segundo a XP, as mudanças no BPC tendem a gerar “alguma economia” duradoura, reduzindo a elegibilidade do benefício. “As alterações no FGDF (fundo constitucional do Distrito Federal) também devem ter um impacto permanente e importante a longo prazo. No Fundeb, a realocação pode trazer economia, embora nossa estimativa seja menor do que a do governo”, afirma Sbardelotto.

    Apesar dessa parte positiva, trazendo um ajuste estrutural, a maior parte do pacote anunciado traz apenas maior flexibilidade na gestão, permitindo cortes de despesas, ou inclui medidas já vigentes. Por exemplo, a antecipação da biometria obrigatória foi contabilizada como medida de ajuste, mas é de curto prazo e não altera a tendência de crescimento da despesa.

    Outras medidas, como o provimento de cargos, são administrativas e não mudam a tendência da despesa. As mudanças nas emendas, já aprovadas, não trazem economia real, apenas transferem parte das emendas não impositivas do orçamento legislativo para o executivo.

    Em resumo, nossa visão é de que a composição do pacote é negativa, mais tímida do que o mercado esperava, e o governo perdeu a oportunidade de fazer um ajuste mais profundo para manter o arcabouço fiscal. Apesar disso, acreditamos que o arcabouço se mantém em 2025 e 2026 com essas medidas, mesmo que modestas, mas vemos risco a partir de 2027-2028, podendo ser necessária uma nova reforma daqui a dois ou três anos.”

    Para o Bradesco, as medidas que de fato representam uma economia de despesas em 2025 somam aproximadamente R$ 10 bilhões, “restando uma parcela importante de economia através do chamado pente-fino, que terá que ser observado ao longo de vários meses para que seja mensurada sua eficácia”.

    Tópicos