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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Retenção de dividendos “é pura ingerência politica”, diz analista sobre Petrobras

    Aumenta no mercado a expectativa de que o governo volte atrás e decida pelo pagamento dos dividendos extras

    As versões sobre o que levou o conselho de administração da estatal a reter pagamento de dividendos extras, provocando perda de R$ 55 bilhões em valor de mercado, alimentam o receio de que o governo teria assumido para valer o comando da companhia.

    Lula convocou Jean Paul Prates ao Palácio do Planalto para explicar a confusão, mas o problema extrapola a diretoria da Petrobras.

    Segundo relatos feitos à CNN, o clima nos encontros do conselho de administração da estatal vem piorando há meses.

    O debate sobre o pagamento dos dividendos acentuou a cisão entre os membros do colegiado, dividido entre os nomes escolhidos pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e os independentes.

    O embate entre Jean Paul Prates e Alexandre Silveira preocupa integrantes da gestão da estatal, segundo fontes disseram à CNN.

    Silveira teria o controle sobre a maioria do Conselho de Administração, impondo sua agenda sobre as decisões de Prates.

    Segundo fontes ouvidas pela CNN, alertados sobre as consequências de não remunerar os acionistas privados, conselheiros ligados ao governo teriam questionado se estavam sendo ameaçados com a previsão de reação negativa do mercado.

    Não era uma ameaça, era real. Os papeis da companhia chegaram a cair 13% na última sexta-feira. Nesta segunda-feira (11), as ações se ensaiavam uma tímida recuperação com boatos de que a decisão sobre dividendos seria revertida.

    Os sinais são confusos e geram ainda maior incerteza sobre o destino da companhia.

    “Saíram notícias de que a equipe econômica era contra a retenção [dos dividendos]. Todos os conselheiros ligados ao governo votaram para reter e agora falam que não foi ordem do Lula, porém, o Lula afirmou que foi induzido ao erro pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira e que foi alertado pelo Jean Paul Prates. Isso é pura ingerência política”, disse Carlos Daltozo, da Eleven Financial, especialista em análise de companhias como a Petrobras.

    Cresce no mercado a expectativa de que o governo volte atrás e decida pelo pagamento dos dividendos extras.

    No curto prazo isso poderia acalmar a negociação dos papéis da companhia, mas não deve reduzir a incerteza sobre a interferência política na gestão.

    “Eles precisam chegar a um acordo. Não é sustentável manter essa relação com mercado”, reforçou analista experiente ouvido pela CNN.

    Na semana passada a Petrobras precisou emitir comunicados na tentativa de desfazer algumas das versões que corriam no mercado, como o fato de Jean Paul Prates ter colocado o cargo à disposição, ou ter havido qualquer compromisso prévio da direção da Petrobras com acionistas minoritários garantindo o pagamento dos dividendos extras.

    Quando uma companhia deste porte precisa se explicar sobre boatos tantas vezes e com perdas no valor das ações, é sinal de que a desconfiança está crescendo mais rápido do que a convicção sobre os rumos da companhia.

    No caso da Petrobras, os investidores nacionais e estrangeiros estão escaldados pelos escândalos passados e parecem não mais dispostos a financiar uma nova rodada de interferência política na empresa.