Pagamento dos dividendos da Petrobras depende da solução para presidência do Conselho da estatal
Presidente do colegiado, Pietro Mendes, foi afastado por decisão da Justiça


O governo tem até a próxima sexta-feira (19) para derrubar decisão da Justiça que afastou o presidente do Conselho da Petrobras, Pietro Mendes. A opção é escolher um novo nome ou apontar um substituto interino.
Na próxima sexta acontece a última reunião do colegiado antes da Assembleia Geral dos Acionistas da companhia.
Com a cadeira vazia, o Conselho pode ter que adiar a decisão sobre pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas.
Francisco Petros, conselheiro da estatal, negou à CNN que pode assumir o lugar de Pietro Mendes interinamente. O nome dele rodou as mesas de operação do mercado durante o dia, mas Petros disse ao blog que foi uma informação “diversionista” e que não está em nenhuma articulação para assumir o Conselho.
A saída de Pietro Mendes abre uma oportunidade para que o governo coloque em seu lugar um nome mais ligado ao presidente Lula, e não ao ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, segue na lista de prováveis escolhas, mas sua indicação perdeu força nos últimos dias.
Executivos ligados à Petrobras disseram ao blog que a empresa não pode ficar tanto tempo envolvida em crises políticas que possam prejudicar decisões estratégicas.
“A indicação de Pietro Mendes sempre foi vista como conflituosa. Desde então, a Petrobras gasta energia com assuntos que não são sobre o negócio”, disse uma fonte envolvida na gestão da estatal.
“É contraproducente insistir nisso, por mais que os nomes sejam bons, tenham experiência no setor, que não estejam fazendo nada errado. A presença de alguém ligado ao governo ou à política fere o espírito da Lei das Estatais”.
O nome de Mendes, atual secretário do MME, foi rejeitado pelo comitê de pessoas da Petrobras quando da sua indicação, no início de 2023, apontando conflito de interesses. Ainda assim, como tem maioria dos votos, o governo ignorou a decisão do órgão e Pietro Mendes assumiu a presidência do Conselho.
Em reação ao novo capítulo da crise envolvendo a estatal, as ações da Petrobras tiveram mais um dia de queda na semana.
“Além dos riscos de ingerência, os resultados da Petrobras estão caindo pressionados pela divisão de refino de combustíveis que operam com defasagem nos preços. No ano passado, a estatal entregou US$ 31 bilhões em fluxo de caixa livre”, disse um analista graduado do mercado financeiro.
“Esse ano, a expectativa é US$ 18 bilhões. Portanto, a Petrobras está bem precificada e não há incentivo para alta das ações, pelo contrário”.