Investidor vai buscar porto seguro depois do atentado a Trump
Dólar abre com volatilidade no mercado internacional
A abertura dos mercados nesta segunda-feira (15), dois dias depois do atentado contra Donald Trump, será de busca por seguro. Na abertura dos negócios com moedas, no início da noite de domingo (14), o dólar já subia frente ao euro, à libra esterlina e ao iene japonês.
“O atentado dá margem considerável para vitória de Trump e fortalece o dólar com a expectativa de uma política econômica que ele já fez e pretende adotar num próximo mandato. Mas o mercado vai precificar não o atentado em si, mas sim os eventos sucessivos, como as investigações sobre o atirador e a contaminação política nas campanhas”, disse à CNN Raphael Figueredo, sócio da Eleven Financial.
A aversão ao risco pode renovar onda de desvalorização do real aqui no Brasil. A cotação da moeda norte-americana contra o real já estava no maior patamar do ano e começava a voltar, saindo do patamar dos R$ 5,70 depois das falas de Lula contra o BC e com críticas à política fiscal.
Agora, o movimento será todo externo, mas não deixa de afetar diretamente a economia brasileira.
“Os mercados vão testar Trump vitorioso, já que aumentou muito a chance de ele ganhar. Logo agora que tudo estava mais calmo no Brasil. A inflação implícita [nos títulos públicos] caindo, as expectativas do Focus sobre o IPCA subindo mais devagar ou até parando. Se o real voltar para mais perto de R$ 5,50, o risco é de mais inflação aqui”, diz Andrea Angelo, economista da Warren Investimentos.
Entre gestores do mercado brasileiro já apareceu a dúvida sobre a reação do Banco Central em caso de uma desvalorização muito acentuado do real. Enquanto o dólar batia em R$ 5,70, a autoridade monetária não reagiu e o dólar voltou à medida que o governo ajustou a comunicação.
“Se gerar disfuncionalidade no mercado de câmbio, pode aumentar a chance, sim (de intervenção)”, disse à CNN um experiente gestor de fundos. Ele conta que esteve com diretores do BC recentemente e ouviu explicações para não intervenção no pico provocado pelas falas de Lula sobre o BC. “Lá, os os fatores eram domésticos, ligados a politica. Agora é bem diferente”, pondera.
Além do dólar, outros ativos podem se valorizar nos próximos dias, caso do ouro e das criptomoedas. A primeira reação já veio com alta do Bitcoin que voltou ao patamar dos $ 60 mil dólares. No caso do mercado acionário, a direção também deve ser positiva.
“As bolsas devem abrir bem, com volatilidade pontual. Ainda não haverá precificação do mercado acionário contando com uma vitória de Trump, porque muita coisa pode acontecer até novembro. A postura do republicano a partir de agora vai definir para onde mercado deve seguir”, pontua Figueredo da Eleven.