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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Alta do dólar é um “overshooting”, dizem economistas

    Aumenta cobrança por intervenção do BC no câmbio

    A moeda americana fechou a semana com a maior cotação desde janeiro de 2022, cotado a R$ 5,58.

    O real foi a moeda com pior desempenho entre os países emergentes com alta de 1,46%, muito acima de cerca de 0,30% das moedas da Rússia, Peru e Argentina, as únicas a desvalorizarem frente ao dólar nesta sexta-feira.

    A alta do dólar passa de 15% no primeiro semestre do ano, menor apenas aumento de mais de 35% entre janeiro e junho de 2020, no auge da pandemia de covid-19.

    Analistas já dizem que está acontecendo um “overshooting” no câmbio, ou seja, uma desvalorização descolada dos fundamentos da economia.

    As falas do presidente Lula sobre o Banco Central (BC) e rechaçando a cobrança por cortes de gastos no seu governo respondem pela maior parte da disparada do câmbio, segundo economistas ouvidos pelo blog.

    A reação de Roberto Campos Neto nesta sexta-feira (28), criticando a política fiscal do governo e dizendo claramente que a posição de Lula piora a situação, foi gasolina na fogueira na percepção de risco do país.

    Em Brasília já aparecem sinais de desconforto com a falta de ação do Banco Central. O Brasil adota o regime de câmbio flutuante, ou seja, não há meta para o valor do dólar.

    Historicamente, o BC intervém no mercado quando há uma disfuncionalidade na formação do preço da moeda americana. O que já é o caso para Sergio Goldstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos.

    “Sim, parte dessa depreciação foi justificada pelo aumento do prêmio de risco do Brasil, mas está acontecendo um overshooting. Isso não é um mercado funcional”, disse à CNN.

    Ele completou dizendo que o BC não precisa fazer grandes operações, pode intervir usando derivativos, o que evita saque nas reservas internacionais.

    “BC precisa gerar uma incerteza para quem está comprando dólar”, alertou.

    Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC, disse que a piora no câmbio tem impacto direto na inflação e preocupa o Banco Central.

    “O câmbio elevado sugere desinflação mais lenta ou custosa.”, disse durante sua participação no evento Financial Week 2024, da FGV.

    “Não temos meta de câmbio, ele é flutuante e absorve mudanças na reprecificação, provocadas por questões locais ou estrangeiras”, completou.

    A próxima semana tem agenda econômica esvaziada, o que abre espaço para reações ao que vai acontecer no campo da política.

    Se o presidente Lula não recuar das críticas ao BC e da resistência em cortar despesas, economistas ouvidos pelo blog temem que o real vai continuar se desvalorizando.

    No patamar atual, o câmbio já impôs riscos de a inflação ficar mais alta neste ano, podendo contaminar as expectativas para o IPCA de 2025 e 2026. Um cenário que corrobora a previsão de que a taxa de juros não vai voltar a cair tão cedo.

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