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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Quando mercado precifica crise econômica antes dela começar, é urgente estancar o processo

    Ignorar, desqualificar, demonizar e, pior, resistir à mudança de rumos diante do que está por vir, não só acelera a instalação da crise, como pode intensificá-la

    O dólar bateu recorde mais uma vez nesta terça-feira (17), chegando a atingir R$ 6,20 durante o dia, mesmo depois de mais duas intervenções do BC — já são 7 operações em dezembro, mais de US$ 12 bilhões injetados no mercado.

    Do meio da tarde para frente, a moeda americana finalmente cedeu e passou a cair — o gatilho foi a chance de aprovação do pacote fiscal na Câmara dos Deputados.

    No final do dia, o dólar fechou a R$ 6,09, renovando o recorde do dia anterior.

    No mercado de juros futuros, as taxas negociadas indicam que a Selic pode passar de 17% nos próximos meses.

    O Tesouro Nacional encontra dificuldade de vender títulos sem aceitar elevadíssimos prêmios de risco exigidos pelos investidores.

    Este cenário é reflexo de uma crise de confiança já instalada e o prenúncio de uma crise econômica num futuro muito próximo, sendo precificada com antecipação pelo mercado financeiro, como normalmente acontece.

    Ignorar, desqualificar, demonizar e, pior, resistir à mudança de rumos diante do que está por vir, não só acelera a instalação da crise, como pode intensificá-la.

    O governo insiste que, mais uma vez, o país vai crescer mais de 3% e o desemprego é o mais baixo em dez anos.

    Os porta-vozes da ala política atacam o Banco Central, que já está praticamente comandado pelos escolhidos por Lula, e a equipe econômica desdenha a desconfiança dos agentes econômicos na potência do pacote fiscal.

    Economistas experientes ouvidos pelo blog alertam para o fato dessa receita de crise aguda que poderia ter sido evitada se a convicção do governo fosse outra.

    A crença no estímulo estatal sem limites como indutor do crescimento desafia a teoria, mas, acima de tudo, o histórico do próprio governo petista. A fórmula bateu no limite das contas públicas e nem o governo, nem o Congresso Nacional, parecem dar importância.

    Ao mesmo tempo, gestores e economistas mais maduros reconhecem que há uma “juniorização” do mercado financeiro no Brasil, o que alimenta a percepção sobre a “birra” da Faria Lima com governo Lula.

    Em momentos assim, a especulação encontra espaços maiores para agravar o quadro, mas a grande maioria dos investidores perde quando preços dos ativos se descolam dos fundamentos e desvalorizam.

    A ressalva explica parte do comportamento e declarações de operadores, mas não alivia a gravidade do desarranjo que a economia brasileira está agora, caminhando rapidamente para uma crise real no país.

    A chamada profecia autorrealizável é uma ameaça em países emergentes, especialmente aqueles com as contas públicas desequilibradas, caso do Brasil. É urgente estancar esse processo.

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