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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Juro real neutro está mais alto, diz economista

    Taxa de equilíbrio é baliza para medir o grau de restrição que a taxa Selic provoca na economia

    A taxa de juro real neutra, aquela que, descontada inflação, não estimula nem segura a atividade econômica, está em elevação desde o começo do ano. Segundo cálculos do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, ela está agora em 5,3%, bem acima da projetada pelo Banco Central, que estima que ela esteja em 4,75% desde junho deste ano.

    Segundo Imaizumi, a taxa neutra está em trajetória de alta desde o final de 2024. Pelos seus cálculos, ela saiu de 4,9% no primeiro trimestre, subiu para 5,2% no segundo trimestre, e estaria chegando a 5,3% em setembro, final do terceiro trimestre.

    Esta elevação estimada pelo economista da LCA indica que a restrição desejada pelo Copom para evitar alta da inflação está perdendo potência, o que seria mais uma justificativa para o comitê iniciar um novo ciclo de alta da Selic, o que deve acontecer nesta quarta-feira. A taxa básica, que está em 10,50%, deve subir para 10,75%, segundo a maioria dos gestores do mercado financeiro.

    “Depois da pandemia e com a piora do risco fiscal, a queda da taxa neutra que vimos desde o início dos anos 2000 foi interrompida. O que estamos vendo é que está mais difícil para o Banco Central fazer uma política monetária eficaz se o fiscal não acompanha”, aponta Bruno Imaizumi.

    A taxa neutra, também conhecida como taxa de equilíbrio da economia, não é um indicador observável. A metodologia de cálculo varia entre os economistas, mas ela continua sendo um sinal importante sobre o grau de restrição ou afrouxamento que a taxa básica provoca na atividade.

    A estimativa leva em conta as expectativas dos agentes econômicos para o comportamento da inflação futura, o ritmo da atividade econômica, a percepção de risco fiscal e o patamar atual da Selic. Quanto mais alta for a taxa neutra, mais difícil e custoso fica o combate à inflação, ainda mais em tempos de pressão sobre os preços como o atual.

    “Sem reformas, sem um esforço político para elevar a produtividade da economia, a taxa neutra não cai. Mesmo quando o país tinha superávits primários na primeira década dos anos 2000, a taxa neutra era mais elevada porque havia muitos gargalos estruturais. Hoje, temos déficit e uma piora das contas públicas”, ressalva o economista da LCA Consultores.

    Uma taxa de juro real neutra menor resultaria em aumento do PIB Potencial, redução do custo da dívida pública e menor esforço para o BC garantir a meta de inflação, que hoje está em 3%.

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