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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    BC segue no centro das atenções e dos alvos da política

    Ata da última reunião do Copom será divulgada nesta terça-feira

    O Banco Central vai continuar no foco do noticiário da economia e da política nesta semana. A maior expectativa é pela divulgação da ata do Copom nesta terça-feira (25), com mais detalhes sobre a decisão de manter os juros em 10,5% ao ano.

    O documento também deve explicar como foi construída a unanimidade entre os diretores do comitê, o que certamente vai reacender o debate político sobre atuação da autoridade monetária.

    O mercado não espera que o presidente Lula recue dos ataques recentes a Roberto Campos Neto, à autonomia do BC e ao patamar da taxa Selic. Na semana passada, as declarações do presidente provocaram alta do dólar e dos juros futuros.

    A reação do PT também preocupa porque alimenta a desinformação sobre o trabalho do banco central na condução da política monetária.

    O questionamento sobre a autonomia do BC não encontra apoio no Congresso Nacional, que já demonstrou claramente que não vai permitir retrocessos. Ainda assim, a percepção de agentes do mercado é de que a pressão política sobre atuação do comitê de política monetária não deverá arrefecer com a nova composição do colegiado a partir de janeiro de 2025.

    Entre as falas sobre o BC, Lula disse que quando novo presidente indicado por ele assumir, o BC vai voltar à “normalidade”. Analistas do mercado entenderam que, no governo petista, o “normal” será a autoridade monetária acatar o que o governante quiser, não o que é preciso fazer para controlar a inflação. Até a nova gestão começar a atuar, a dúvida não vai cessar, independentemente de quem for o escolhido pelo presidente da República.

    Gestores ouvidos pelo blog dizem que as investidas de Lula e de seus aliados petistas mais próximos podem prejudicar não só o trabalho do Copom na ancoragem das expectativas de inflação, como tumultuar a escolha do próximo presidente da autarquia.

    A lista de nomes prováveis para substituir Roberto Campos Neto voltou a ser preenchida com figuras carimbadas do entorno do PT, como Guido Mantega e Aloizio Mercadante. O nome de Luiz Awazu, ex-diretor do BC do governo Dilma, também apareceu e foi o que mais agradou o mercado até agora.

    O atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, segue como favorito pela sua proximidade com Lula. Mas ele não é o preferido do PT, ainda mais depois que votou com Campos Neto pela manutenção da Selic em 10,5%.

    A antecipação da escolha é vista por muitos executivos do setor financeiro como uma aposta de risco. Por um lado, se o nome for de alguém moderado, respeitado pelo mercado, mesmo que próximo de Lula, a temperatura dos ataques pode baixar até o final do ano.

    Por outro lado, o indicado pode sofrer de superexposição e, no caso de ser alguém que gere desconfianças sobre abertura do BC para ingerência política, quem vai sofrer é a economia brasileira.

    Além da ata do Copom, a semana terá ainda o IPCA-15 de junho, com previsão de alta de 0,44% e uma captura maior dos impactos da tragédia do Rio Grande do Sul.

    Banco Central também vai divulgar o Relatório Trimestral de Inflação que pode trazer uma alteração sobre o patamar do juro real neutro da economia, a taxa que manteria crescimento e inflação em equilíbrio. Atualmente ela está em 4,5%, mas deve subir para 5%, o que indica que o país precisa de uma Selic mais alta para conter aumento de preços.