Análise: Haddad perdeu o controle da agenda econômica?
Antes de receber a benção do Papa, Haddad já tinha sido consagrado por empresários e investidores como a voz sensata do governo Lula. Em breve, saberemos se restará apenas a graça de Francisco


Fernando Haddad voltou da Itália abençoado pelo papa Francisco, mas sem escapar da penitência de enfrentar a incerteza sobre a sua gestão e a percepção de que ele não controla mais a agenda econômica. Há quem indague se ele alguma vez teve autonomia para decidir.
Ao chegar do Vaticano, o ministro da Fazenda precisou defender a sua nova medida tributária. Ele insiste que ela só afeta quem quer se beneficiar indevidamente de benefícios públicos.
O pecado de Haddad foi ser transparente sobre as fragilidades do arcabouço fiscal com um grupo sênior de executivos financeiros com quem se encontrou em São Paulo.
O ministro disse o óbvio: que o governo vai contingenciar despesas se os gastos subirem muito. Mas a mensagem percebida foi de que está tudo na mão política de Lula, mesmo que Haddad não concorde. O ruído virou boato e provocou forte reação dos mercados, com dólar e juros disparando.
Antes de receber a benção do papa, Haddad já tinha sido consagrado por empresários e investidores como a voz sensata do governo Lula. Em breve, saberemos se restará apenas a graça de Francisco.