Declarações da Venezuela elevam tensão com Brasil
País acusa Itamaraty de agressão no Brics e gera mal-estar
A declaração da Venezuela sobre o veto do Brasil à entrada nos Brics foi mal recebida pelo Itamaraty. Sob reserva, diplomatas avaliam que o comunicado pode “complicar” ainda mais a posição do Brasil como mediador do impasse nas eleições do país vizinho.
Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo de Nicolás Maduro classificou a posição dos brasileiros como uma “agressão” e um “gesto hostil”.
A ordem, agora, no Itamaraty é esperar a poeira baixar para dar continuidade, novamente, a qualquer diálogo com a Venezuela.
O Brasil não reconhece o resultado das eleições que reconduziram Maduro e insiste em um caminho consensuado entre governo e oposição.
Apesar da preocupação com a carta, o governo brasileiro demonstra irritação com a forma como a abordagem da Venezuela se deu, em Kazan, na Rússia.
A avaliação é de que a Venezuela forçou uma situação constrangedora para o Brasil ao tentar se incluir, de última hora, na lista de países emergentes que devem integrar o Brics.
A integração da Venezuela ao bloco já havia sido discutida por Mauro Vieira e o chanceler venezuelano Yván Gil, em Nova York, em setembro, quando o brasileiro aproveitou para pedir salvo-conduto aos refugiados na Embaixada da Argentina em Caracas, que está sob custódia do Brasil, após expulsão do corpo diplomático argentino.
Fontes do Itamaraty relatam que Mauro Vieira chegou a ser sondado por funcionários do governo Maduro, durante jantar com o presidente russo Vladimir Putin e representantes de outras potências do bloco, sobre a entrada da Venezuela.
A insistência venezuelana é vista por auxiliares de Lula como tentativa de impor uma “carteirada” ao Brasil.
Nesta quinta-feira (24), Putin ponderou que a posição da Rússia sobre a Venezuela não coincide com a do Brasil e que isso foi conversado abertamente durante ligação que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na terça-feira (22). O Palácio do Planalto não confirma o teor da conversa.
Sem a Venezuela, na América Latina, entraram na lista do Brics apenas Cuba e Bolívia. Belarus, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã também aderiram na condição de “Estados parceiros”.
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