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    Rita Wu
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    Rita Wu

    Arquiteta e designer apaixonada por tecnologias. Interdisciplinar por natureza e indisciplinar por opção, é palestrante, maker e mãe do doguinho Ovo

    Apple Vision Pro será lançado semana que vem. O que esperar?

    Apple Vision Pro acaba sendo um híbrido entre realidade virtual e aumentada, mas não uma simples junção delas

    O tão aguardado Apple Vision Pro chega ao mercado daqui a uma semana, na próxima sexta-feira, dia 02 de fevereiro.

    Mas calma: isso é só pra quem mora dos Estados Unidos. Além disso, os preços são bem salgados e provavelmente não haverá uma adoção em massa, pelo menos nesse início de jornada.

    Pra quem não sabe, o Apple Vision Pro é um headset, que proporciona uma interação espacial bem diferente da que estamos acostumados. Pra quem já experimentou um óculos de Realidade Virtual (VR) sabe que a imersão em um “mundo virtual” é garantida, afinal nos desconectamos do “mundo físico”. Aqui podemos ser o que quisermos, de avatares parecidos com a gente até uma pizza gigante. Aqui voar é possível e nem o céu é limite. Mas também existem as experiências de Realidade Aumentada (AR). Pra isso ninguém precisa de um headset como o HoloLens da Microsoft. Basta usar um filtro do Instagram ou jogar o Pokémon GO, que fica claro que aqui a ideia é literalmente “aumentar a realidade” inserindo objetos ou interfaces virtuais no nosso “mundo físico”.

    Assim, o Apple Vision Pro acaba sendo um híbrido entre realidade virtual e aumentada, mas não uma simples junção delas, o que seria a chamada Realidade Mista (MR), mas sim algo que vai além das três realidades (Realidade Estendida, ou XR) e promove uma interação online e offline totalmente diferente, já que funciona muito bem com vários dos nossos sentidos. Nesse headset, que pode ser controlado por voz, gestos ou movimento dos olhos, conseguimos integrar ambientes virtuais e físicos e ter uma experiência imersiva, mas sem desconectar do que acontece à nossa volta e também sem estar alheio ao que nos interessa online. Equipado com sensores de detecção de movimentos, áudio espacial e displays micro-OLED, o Vision Pro suporta captura de conteúdo em 3D e claro, tem uma série de aplicativos adaptados para essas tecnologias.

    Tudo muito legal, mas vai demorar para chegar ao Brasil. Os próximos lançamentos estão previstos para Canadá, China e Reino Unido. Quem quiser trazer um de fora, sabe que vai enfrentar uma série de limitações e bloqueios por não estar na área de serviço, onde está configurado o Apple ID, além de só funcionar em inglês.

    Popularização

    Mas a dificuldade em ter um não é apenas a ausência deles no Brasil. Quem quiser um deve desembolsar, por hora US$ 3.499 na versão com 256 GB (o mais básico), algo próximo de R$ 17 mil. Como todo produto Apple, esse custo alto também respinga no valor de manutenção e consertos, até mesmo optando pela contração do AppleCare Plus. Portanto, não deixe cair no chão!

    Esse alto valor já foi alvo de muitas críticas e é considerado como um dos fatores que podem dificultar sua popularização. Apesar de no futuro a Apple poder lançar versões intermediárias, ainda sim o preço ainda será alto para um gadget que está na sua infância, o que significa ter outras barreiras além do preço. Talvez a maior barreira seja a pouca disponibilidade de aplicativos.

    Apps

    Segundo a Apple, o Vision Pro terá mais de 1 milhão de apps no lançamento. Mas a maior parte deles são apps que já rodam em outras plataformas da Apple, como iPhone e iPad. Segundo Mark Gurman, até apps feitos pela empresa, como o Podcast e Calendário, irão rodar no visionOS, sistema operacional do Apple Vision Pro, apenas com adaptação para serem tridimensionais. Mas certamente, a adoção forte virá quando os desenvolvedores criarem aplicativos específicos para rodar no visionOS, que devem levar em conta o olhar,  efeitos imersivos 3D e o “toque no ar”, entre outras funcionalidades. Mas por enquanto, isso é uma tarefa difícil.

    Um dos principais motivos para ainda não existir um grande interesse dos desenvolvedores são as altas taxas da Apple, que fica com 30% do valor das vendas. Além disso espera-se que as vendas, apesar do grande sucesso da pré-venda da semana passada (cerca de 180 mil unidades, segundo Ming-Chi Kuo, um dos principais analistas da Apple), ainda é um número baixo em comparação a outros produtos, como o iPhone 14 Pro Max que vendeu cerca de 26,5 milhões de unidades só no primeiro semestre de 2023. Esse número expressivo compensa a alta taxa e até mesmo o kit de desenvolvimento, que também é caro, principalmente para desenvolvedores independentes (US$ 3,5 mil). Essa infância tem desencorajado grandes players do mercado, como Netflix, Spotify e YouTube, que não terão aplicativos para o visionOS.

    Foco no Entretenimento

    Diferente de alguns concorrentes, como o Meta Quest 3, o óculos de realidade virtual da Meta, que foca em jogos, trabalho remoto e agora fitness (sim, o maior uso é esse!), o  Apple Vision Pro foca em produtividade e entretenimento. Por conseguirem assistir conteúdos em 3D, já foi confirmada a parceria  com o aplicativo Max (antigo HBO Max), a Disney, e claro, todos os programas originais do Apple TV+.

    Imaginem só, poder não só assistir como estar dentro de filmes como Avatar: O Caminho da Água, Duna, Homem-Aranha: No Aranhaverso e Super Mario Bros! Com certeza, por enquanto é o que tem chamado mais atenção.

    Temos também empresas saindo na frente, como os chineses da ByteDance, empresa desenvolvedora do TikTok, que confirmou estar trabalhando em uma versão especial da plataforma focada nos usuários do headset. No post de Ahmad Zahran, líder de produtos do TikTok, ele fala sobre o app nativo, que poderá carregar vídeos com até 30 minutos de duração, o que coloca o TikTok como concorrente direto do YouTube, que já começa de fora.

    Mas agora resta saber se isso será suficiente para o sucesso do Apple Vision Pro. Quanto ao design e à experiência, não tenho dúvidas que é um hardware incrível. Mas resta saber se essa nova forma de se conectar, ou se desconectar das pessoas, vai pegar. A Apple enfatiza que o Vision Pro não foi desenvolvido para nos isolar do mundo. Mas, bem, essa discussão deixamos para o próximo texto 😉