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    Priscila Yazbek
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    Priscila Yazbek

    Correspondente em Paris, Priscila é apaixonada por coberturas internacionais e econômicas — e por conectar ambas. Ganhou 11 prêmios de jornalismo

    Jovens usam menos preservativos e conservadorismo pode ser uma das razões, diz OMS

    Percentual de adolescentes que usam preservativos ou contraceptivos na Europa caiu significativamente, revela relatório da organização da ONU

    Adolescentes europeus têm cada vez mais relações sexuais desprotegidas, segundo um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

    O estudo revela que o uso de preservativos entre jovens de 15 anos sexualmente ativos diminuiu significativamente nos últimos anos.

    O percentual de adolescentes que usaram preservativos durante a última relação sexual caiu de 70% para 61% entre os meninos e de 63% para 57% entre as meninas, de 2014 a 2022.

    O relatório também destaca que 30% dos adolescentes não usaram preservativos ou não estavam tomando pílulas anticoncepcionais durante a última relação sexual.

    Entre as famílias de baixa renda, que têm menos recursos e acesso à informação, o percentual de jovens que fizeram sexo desprotegido sobe para 33%. Já entre as famílias de alta renda, o percentual de adolescentes que não usaram preservativos ou anticoncepcionais cai para 25%.

    A pesquisa foi conduzida pelo Escritório Regional da OMS para a Europa, como parte do estudo “Health Behaviour in School-aged Children”(Comportamento de saúde em crianças em idade escolar, em tradução livre). Foram entrevistados mais de 242 mil jovens de 15 anos em 42 países.

    O relatório alerta que a alta proporção de jovens com relações sexuais desprotegidas pode levar a gravidez indesejada, abortos de risco e aumento do risco de doenças sexualmente transmissíveis.

    Discurso conservador pode explicar queda, diz OMS

    A falta de educação sexual e o acesso limitado aos contraceptivos explicam a menor utilização de preservativos, segundo o relatório.

    E, para Hans Henri P Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, o menor acesso à educação sexual pode estar ligado ao aumento do conservadorismo político em diversos países.

    “A educação sexual apropriada à idade é negligenciada em muitos países e, quando disponível, tem sido cada vez mais atacada sob o pretexto falacioso de que incentiva o comportamento sexual, quando a verdade é que dotar os jovens do conhecimento certo, no momento certo, permite obter os melhores resultados de saúde e escolhas responsáveis”, explica Kluge.

    “Estamos colhendo os frutos amargos desses discursos reacionários — e o pior está por vir”, alerta o diretor regional da OMS, que defende que governos, autoridades de saúde, educação e partes interessadas reconheçam urgentemente as causas do problema e tomem medidas para corrigi-las.

    András Költő, professor da Universidade de Galway e principal autor do relatório, afirma que a educação sexual abrangente é essencial para tornar os jovens capazes de tomar decisões acertadas sobre sua sexualidade em um momento de grande vulnerabilidade, quando transitam da adolescência para a vida adulta.

    “Os jovens precisam de espaços seguros para discutir questões como consentimento, relações íntimas, identidade de gênero e orientação sexual. E nós, governos, autoridades de saúde e educação, e organizações da sociedade civil, devemos ajudá-los a desenvolver competências cruciais para a vida, incluindo transparência e imparcialidade, comunicação e tomada de decisão”, completa Költő.

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