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    Phelipe Siani
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    Phelipe Siani

    Comunicador, palestrante e âncora na CNN Brasil desde 2019. Empreendedor serial, fundador da Albuquerque Content e da Intrend.AI

    O novo dilema das redes em tempos de IA para todo lado

    O sentimento de sempre estar desatualizado e usando a IA "errada" é comum, e a gente vai ter que aprender a conviver com ele; o importante é escolher alguma

    Eu fiz um teste. Perguntei a mesma coisa pra três dos maiores semideuses tecnológicos da atualidade no universo de inteligência artificial: quantas plataformas de IA existem hoje no mundo?

    A resposta foi categórica na semelhança do tom de todos. ChatGPT, Gemini e Bing disseram que a própria natureza extremamente ágil dessas soluções faz com que seja muito difícil saber quantas IAs já existem. Mas o Gemini, por exemplo, fala que são “milhares“.

    Bom, se a gente já tem à disposição milhares de opções de inteligência artificial para serem usadas, qual (ou quais) a gente escolhe? Esse é um drama que muitas empresas (e muitas pessoas) têm vivido hoje.

    Por mais que seja genial e revolucionária, uma plataforma de IA, para ser usada, precisa de algum nível de habilidade por parte de quem tá atrás da tela. A nossa inteligência natural ainda é necessária para operar essas ferramentas tão poderosas. E isso demanda alguma curva de aprendizado quanto ao funcionamento dessas soluções, algum tempo para se familiarizar com o layout, o lugar dos botões, as possibilidades que se apresentam ali.

    O medo de absolutamente todos os profissionais com quem eu já conversei sobre o assunto é, em maior ou menor grau, o mesmo ou, no mínimo, muito parecido. Escolher um produto desses milhares e investir tempo e energia na implantação dessa ferramenta para, depois de algum tempo, existir a chance da escolha se mostrar não sendo a melhor para aquela empresa.

    Aí, quando os olhos se voltarem de novo para as opções disponíveis, a oferta já aumentou exponencialmente, e ninguém consegue acompanhar o ritmo de todas essas novidades.

    Nesse caso, todo mundo sabe que o mundo já mudou e as IAs vieram com muita força para ajudar o nosso trabalho. Mas, como aparece coisa nova praticamente todos os dias, nossas escolhas se apresentam como quase sempre já obsoletas ou menos eficientes, o que gera em muita gente algum nível de frustração, e o fantasma do constante FOMO.

    Isso não é novidade, o Fear Of Missing Out, ou medo de ficar de fora, é um negócio que foi descrito pela primeira vez há mais de 20 anos, mas está cada vez mais latente, com tanta coisa nova acontecendo a cada segundo. E o pior dos cenários, nessa jornada, é a paralisia.

    Entre tantas opções com informações humanamente impossíveis de serem acompanhadas em detalhes de perto, eu posso ter tanto medo de escolher a errada que acabo não escolhendo nenhuma.

    O fato é que a McKinsey, que é uma baita de uma consultoria global, fala que a IA vai gerar US$ 13 trilhões para a economia mundial até 2030. A concorrente PWC diz que vão ser quase US$ 16 trilhões. E praticamente todos os especialistas são categóricos sobre como essa jornada vai se desenrolar.

    Vão colher mais rápido os frutos desse acréscimo de faturamento quem começar desde já (ou quem já começou). Mesmo que não seja com as melhores ferramentas do mundo, entende? O importante é começar de algum jeito.

    O Goldman Sachs, que é um bancão de investimentos lá dos Estados Unidos, fala que a IA vai aumentar em 7% o PIB do mundo nos próximos dez anos. Na prática, isso quer dizer que a gente vai produzir 7% a mais do que produziria nesse período se a IA já não fosse uma realidade. Ou seja, os seus concorrentes, na média, podem produzir 7% a mais do que você se usarem IA e você não.

    Nesse momento absolutamente revolucionário que a gente está vivendo, de uma certa forma, a gente vai ter que aprender a conviver com esse sentimento de não estar sempre super atualizado. Porque isso realmente vai ser praticamente impossível.

    O que não dá é, por medo de não escolher sempre as melhores soluções, decidir escolher solução nenhuma. Isso não pode ser uma opção de quem quer crescer e olha para o futuro com um mínimo de inteligência estratégica.

    Fácil não é, mas já passou da hora de começar. Ficar com medo de uma IA eventualmente roubar seu emprego não vai te tirar essa angústia do peito. Entender que a IA substitui tarefas, e não empregos, pode ser um caminho mais inteligente. Porque, a partir daí, a gente entende que só o estudo e os testes práticos vão colocar todo mundo como parte integrante dessa discussão. Mesmo que, em se tratando desse assunto, sempre haja o que aprender todo santo dia.