Ricardo Salles sobre queimadas: “Cenário é igual a 2020, mas pressão antes era maior”
À CNN, ex-ministro do Meio Ambiente disse que culpa por incêndios é “parte comportamento, parte clima”
Ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL), o deputado Ricardo Salles (PL-SP) disse à CNN que o cenário de queimadas na Amazônia e no Pantanal é igual ao que ele enfrentou à frente da pasta em 2020, mas a pressão da opinião pública é diferente.
“Não está acontecendo nada agora que não tenha acontecido no nosso governo, mas na nossa época a pressão da opinião pública era muito maior. Houve uma mobilização muito maior antes. Tivemos que mobilizar um batalhão”, disse Salles.
Questionado sobre a causa dos incêndios, o ex-ministro disse que é “parte do clima e parte do comportamento humano”.
“A culpa não é do agro. Isso é uma estupidez. Ninguém põem fogo no próprio ativo”, afirmou.
Salles ressaltou, porém, que alguns agricultores fazem a limpeza do pasto na região do Pantanal “erroneamente” nesta época, e não no mês de março, quando ocorre a “transição do clima’.
O ex-ministro também afirmou que parte das queimadas pode ser atribuída a pequenos agricultores do MST em retaliação a proprietários ou para limpar o pasto.
O MST rebateu Salles.
“A queimada está fora da nossa perspectiva e só prejudica o solo. A gente planta vegetação justamente para proteger o solo. A área queimada pode ser usada para o gado no agronegócio”, disse à CNN Delweck Matheus, integrante da coordenação do MST.
O ex-ministro de Bolsonaro é apontado por ativistas ambientalistas como um dos responsáveis pela falta de regularização fundiária na Amazônia, o que favorece os incêndios.
“Não tem regularização fundiária. Hoje há motosserra e fogo na Amazônia, o que está levando a savanização da área para a expansão da pecuária. É uma tragédia anunciada. O governo anterior abriu a porteira”, disse à CNN Mário Mantovani, diretor executivo da ONG SOS Mata Atlântica.
Salles rebateu o ativista.
“Não ter feito a regularização foi que atrapalhou. Apelidaram a MP 907 de MP da Grilagem”, disse Salles.
A oposição a Bolsonaro à época dizia que a aprovação da MP abriria caminho para a regularização de áreas públicas invadidas por grileiros e criminosos ambientais e facilitaria a legalização de invasões onde há comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.