Advogados antilavajatistas rejeitam comparação feita por Bolsonaro
Ex-presidente disse que ministros do STF estão "com pressa" e que julgamento ocorreu em uma velocidade "14 vezes maior que o do Mensalão e pelo menos 10 vezes mais rápida que o de Lula na Lava Jato"


Advogados criminalistas, ouvidos pela CNN, rejeitaram a comparação feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os julgamentos do Mensalão e da Lava Jato e o dos atos golpistas do 8 de Janeiro.
“Estão com pressa. Muita pressa. O processo, contra mim, avança a uma velocidade 14 vezes maior que o do Mensalão e pelo menos 10 vezes mais rápida que o de Lula na Lava Jato”, afirmou Bolsonaro no X (antigo Twitter).
“Não dá para comparar. No Mensalão, foram quarenta réus. O recebimento da denúncia, em geral, ocorre em uma única sessão. A dele teve três”, disse o advogado Pierpaolo Bottini, que atuou na defesa de réus nos dois casos mencionados.
O advogado criminalista Bruno Salles pontua ainda que houve um salto tecnológico no período.
“Foi mais rápido primeiro porque é a pauta da turma e não do plenário. Segundo porque são 7 réus e não 40. Terceiro porque o judiciário, hoje, 20 anos depois, é muito mais célere, com a informatização de vários processos”, observou.
Coordenador do grupo Prerrogativas, o advogado Marco Aurélio Carvalho também avalia que não há paralelo possível.
“Nos dois casos – Mensalão e Lava Jato – havia uma indiscutível instrumentalização do sistema de Justiça a serviços de interesses políticos e eleitorais. Agora temos instituições, como a PGR, funcionando com autonomia e independência”, ressaltou.
O advogado constitucionalista Pedro Serrano também considera os processos diferentes.
“Não dá para comparar. Não houve essa divisão que houve agora. Além disso, no Mensalão, não havia tramitação eletrônica. Era manual. Quando veio a digitalização, tudo que tinha que ser digitalizado e isso demorou”, destacou Serrano.