Análise: Lira e Pacheco apontam que mexer no IR não será fácil
Presidentes das duas casas querem separar IR do pacote de cortes de gastos
Diante da reação nervosa do mercado após o anúncio casado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), do pacote de corte de gastos e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, os presidentes da Câmara e do Senado agiram como bombeiros e se pronunciaram quase simultaneamente nesta sexta-feira (29).
Ambos deixaram claro o compromisso “inabalável” com o arcabouço fiscal, mas sinalizaram que mexer no Imposto de Renda não será fácil.
À CNN, o vice-líder da oposição na Câmara, Mendonça Filho (União-PE), deu uma pista do que vem pela frente.
“O Congresso não vai ser instrumento da contenção populista do governo. Eles recuaram e adiaram porque sentiram que o mercado vai explodir”, disse o parlamentar.
Já o deputado Ricardo Salles (PL-SP) sugere outro caminho.
“A gente deveria aprovar a isenção até R$ 5000 (no IR), mas rechaçar a taxação dos super-ricos, que não resolve o problema.”
Em entrevista à CNN, Pacheco disse que a questão do imposto de renda vai ser pautada com uma “discussão futura” que vai acontecer “se e somente” houver condições em termos fiscais.
“Todos nós somos desejosos, evidentemente, mas é preciso ter condições fiscais para isso”, disse.
Promessa de campanha de Lula, a ampliação da faixa de isenção do IR tem apelo popular, mas também um custo fiscal.
A oposição avalia que a estratégia de unir a boa e a má notícia no mesmo anúncio pode ter sido um tiro no pé.