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    Pedro Duran
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    Pedro Duran

    O pai do Benjamin passou pela TV Globo, CBN e UOL. Na CNN, já atuou em SP, Rio e Brasília e conta histórias das cidades e de quem vive nelas

    Força-tarefa suspeita que policiais mandaram matar delator do PCC

    Advogado teria sido o elo entre delegados, PMs e delator assassinato em Guarulhos 

    Depois de quase três meses de identificação, integrantes da força-tarefa que investiga o assassinato de Antonio Vinícius Gritzbach afastaram a tese de que o PCC tenha sido o responsável pela ordem de executar o empresário e delator. A principal suspeita agora é de que os mandantes do crime tenham sido policiais civis do estado de São Paulo.

    Uma das peças-chaves para entender o avanço da investigação é o delegado Fabio Baena, preso pela Polícia Federal no último dia 17 de dezembro. Baena investigava o PCC e era, segundo fontes da força-tarefa, o elo entre policiais civis e um advogado que defendia Gritzbach.

    Esse mesmo advogado teria sido o responsável por indicar os policiais militares que foram recrutados para a escolta do empresário. A força-tarefa suspeita que o delegado Fábio Baena tenha agido para isentar esse advogado de uma investigação por homicídio.

    Nessa terça (4), um outro policial civil foi preso numa operação da Corregedoria neste mesmo caso. O alvo foi Alberto Pereira Matheus Junior, delegado de classe especial, que teria envolvimento com o PCC e é suspeito de atos de corrupção. Ele foi chefe no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e no Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes).

    O envolvimento de tantos policiais – civis e militares – pode ter levado a outro problema. Investigadores suspeitam que isso favoreça uma sequência de vazamentos que tem prejudicado o trabalho da força-tarefa.

    Antes de serem presos, os policiais militares que faziam a escolta privada – e irregular – de Gritzbach, trocaram de telefone. Matheus Junior, preso nessa terça, registrou um boletim de ocorrência por furto de celular antes da prisão. O aparelho não foi encontrado com ele.

    Os PM’s da escolta também tiveram o patrimônio levantado pela investigação e há indícios de que eles tenham enriquecido de forma incompatível com o salário que receberam ao longo dos últimos anos.

    Apesar de acreditarem na tese de que policiais civis tenham sido mandantes do assassinato, cometido em plena tarde no Aeroporto de Guarulhos, no dia 8 de novembro, os investigadores ainda não chegaram a um nome. Eles também não sabem qual o nível hierárquico do mandante, mas reconhecem que a revelação pode ter impacto político na gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

    De fato, já há um movimento da oposição. O deputado Paulo Fiorilo, líder do PT na Assembleia Legislativa, já reuniu 17 assinaturas para pedir uma CPI pra investigar a relação entre PCC e polícia paulista. “O objetivo da CPI é buscar as causas e consequências do envolvimento de policiais com crime organizado e a partir daí apresentar soluções para mitigar essa situação tão grave que vive a segurança pública no estado de São Paulo. A CPI pode ser um instrumento importante para fazer esse debate buscando informações, cruzando dados e apresentando propostas objetivas para tentar equacionar essa situação que vive o estado hoje”, disse à CNN.

    A ideia pode não ir adiante por falta de amparo político. Para protocolar o pedido, são necessárias 32 assinaturas, quase o dobro. Hoje, Tarcísio tem maioria ampla na casa legislativa e a bancada ligada à segurança pública é forte. Mas parte da cúpula de segurança do governador tem uma visão alternativa sobre os impactos da operação. A ideia é de que o “remédio amargo” de punir e excluir uma “banda podre” das polícias poderia dar ao governador de São Paulo uma imagem positiva, de ética e moralidade.

    O desafio, no entanto, esbarra em questões práticas. O primeiro identificado por ter envolvimento com a morte de Gritzbach, Kauê do Amaral Coelho, segue foragido. E pior: depois de ter identificado um plano de fuga e seguido pistas do olheiro do crime até o Rio de Janeiro, a força-tarefa perdeu o rastro dele e sugere que ele pode até ter sido executado por uma facção carioca.

    Não há prazo para o fim da investigação, mas existe uma expectativa de que análises de provas colhidas que ainda não foram concluídas possam dar um novo caminho para identificar de uma vez por todas quem mandou matar o delator do PCC em meio à área de desembarque do maior aeroporto da América Latina.

    Em nota à CNN, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a força-tarefa que investiga o crime não descartou nenhuma linha de investigação.

    “As apurações seguem em andamento sob sigilo e mais detalhes serão preservados para não prejudicar o trabalho policial. Até o momento, 26 pessoas foram presas por envolvimento no crime”, completa a pasta.

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