Reembolso de cirurgias fraudadas chegou a R$ 500 mil no RJ
Polícia não descarta pedido de prisão contra médicos, empresários e advogados
Um esquema de pelo menos cinco anos que envolveu dezenas de pacientes, médicos, advogados e empresários. A Polícia Civil investiga uma série de fraudes em cadeia em cirurgias realizadas na Baixada Fluminense, do Rio de Janeiro – mais especificamente em Duque de Caxias e São Gonçalo. Os procedimentos chegavam a custar R$ 500 mil para os planos de saúde que, sob liminares, eram obrigados a pagar por cirurgias superfaturadas.
Nesta segunda-feira (25) foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão. A polícia localizou computadores, celulares e documentos que podem ajudar a resolver um enigma que segue no ar: afinal de contas, os pacientes eram cúmplices, coniventes ou coagidos no esquema que pode ter movimentado cerca de R$ 50 milhões nos últimos anos?
Ao longo da investigação, foram encontrados requerimentos de cirurgia assinados por médicos que já tinham morrido. Em outros, o cirurgião sequer conhecia o paciente que supostamente havia operado.
Tudo começou em 2021, quando um plano de saúde procurou a Delegacia do Consumidor, que começou a investigação. A alegação era de que cirurgias estavam sendo feitas com valores muito superiores aos de mercado e, mesmo com a negativa do plano, advogados dos pacientes obtinham liminares na Justiça para forçar o pagamento.
O procedimento mais comum era a rizotomia percutânea, uma técnica que ajuda a tratar dores nas costas com um mecanismo minimamente invasivo. Foram descobertas duas modalidades de fraudes: superfaturamento de valores e superdimensionamento de materiais, sem que as sobras fossem devolvidas e o custo abatido.
Os advogados contratados para defender os pacientes e obter as liminares eram sempre os mesmos de acordo com os investigadores. Os planos, por sua vez, eram quase sempre corporativos. Existe a suspeita de que pessoas cooptadas para o esquema eram incluídas de forma fictícia em empresas que não trabalhavam apenas para ter a carteirinha do plano e fazer parte do esquema.
Há um caso, por exemplo, de uma instrumentadora cirúrgica que supostamente recebeu R$ 15 mil para uma única operação, quando o valor de mercado no local é de cerca de R$ 500. Investigadores ouvidos pela CNN não descartam pedir a prisão de médicos, advogados e empresários que atuavam com próteses e órteses.