Prostituição, drogas e armas: MP denuncia 21 por ‘hotéis do PCC’
Promotores listam crimes de organização criminosa, associação para o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e casas de prostituição
O Ministério Público de São Paulo apresentou à Justiça a denúncia dos envolvidos por crimes relacionados aos ‘hotéis do PCC’. O documento foi obtido com exclusividade pela CNN e revela a dinâmica do crime na região da Cracolândia, no centro de São Paulo.
Essa é a quarta denúncia apresentada no âmbito das investigações sobre a atuação do Primeiro Comando da Capital na Cracolândia. Os criminosos foram alvos das operações Downtown 1 e 2 e Salus et Dignitas, que tiveram o apoio da Polícia Civil do estado. Na denúncia, os investigados são acusados de organização criminosa, lavagem de dinheiro, associação para o tráfico de drogas e casas de prostituição.
O inquérito teve a colaboração de duas testemunhas protegidas, identificadas como “Alpha” e “Beta”, além do depoimento de policiais e funcionários dos hotéis, alguns apontados como “laranjas” dos chefes do crime organizado na Favela do Moinho, que teriam a incumbência de controlar o tráfico de drogas na Cracolândia.
Os investigadores conseguiram reunir diversas imagens que mostram como os hotéis estavam sendo usados para a prática de prostituição, além do armazenamento de dinheiro, drogas e armas, funcionando como “bunkers” do PCC no centro de São Paulo.
Em um dos trechos, os seis promotores que assinam a denúncia afirmam: “As buscas e as fotografias captadas no local também são corroboradas pela palavra das testemunhas: no interior desses estabelecimentos havia mulheres viciadas e submetidas a situações degradantes de saúde em razão das doenças adquiridas, exploradas para se prostituírem em troca de entorpecentes. Tudo isso sob o domínio dos antigos porteiros, que se filiaram ao crime organizado para gerenciarem o local e estabelecerem a “disciplina” do PCC”.
Os promotores ainda sustentam que os locais eram usados para lavagem de dinheiro. Um dos investigados movimentou entre fevereiro de 2022 e março de 2023 mais de R$ 860 mil. Mais de 70% do dinheiro foi depositado em notas pequenas em caixas eletrônicos, “com claro intuito de dificultar a identificação de origem dos recursos”.
A investigação foi apoiada pelo COAF, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras. Os promotores ainda pediram para renovar a suspensão da atividade econômica e o bloqueio das contas de 18 hotéis e, ao final da investigação, se comprovados os crimes, que eles sejam transferidos ao governo do estado.