Polícia investiga se namorado de cigana vendeu armas de homem envenenado
Agentes ainda apreenderam 'grande quantidade' de receitas médicas na casa da namorada do homem assassinado
A Polícia Civil do Rio de Janeiro desconfia que o namorado da cigana Suyany Breschak possa ter participado da venda das armas roubadas do homem envenenado dentro de casa no Rio de Janeiro. Ele foi ouvido novamente na 25ª delegacia, do Engenho Novo, zona Norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (6).
A investigação que apura a morte de Luiz Marcelo Ormond já reuniu elementos considerados como ‘suficientes’ para enquadrar Suyany e a então cliente dela, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, no homicídio do empresário. Fontes ouvidas pela CNN afirmam que Suyany ajudou, inclusive, a planejar o crime, e trocou mensagens com Júlia depois do ato com detalhes do homicídio.
O carro de Luis Marcelo Ormond, levado por Júlia, depois da morte do namorado, foi recuperado. Ele estava com um terceiro suspeito, que chegou a ser preso, mas foi liberado. Ele também voltou a ser interrogado nesta quinta-feira (6).
Foi por meio deste homem que a polícia chegou até Suyany, conhecida como ‘cigana Esmeralda’. Ele ainda pode responder por receptação, que tem pena de um a quatro anos de prisão e multa.
Receitas médicas apreendidas
Durante as buscas na casa de Júlia, no bairro de Campo Grande, na zona Oeste do Rio de Janeiro, policiais civis apreenderam o que afirmam ser ‘grande quantidade’ de receitas médicas controladas.
O acesso de Júlia à morfina é um dos pontos centrais da investigação. Isso porque, o remédio seria a ‘arma’ do crime. Farmacêuticos onde ela comprou o remédio foram ouvidos pelo delegado responsável pelo caso e ficaram de entregar a receita médica a ele. Isso ainda não aconteceu.
Por ser um medicamento muito forte, com importantes efeitos colaterais se mal administrado, ele exige uma receita especial, da escala ‘A1’. O controle é ainda mais rigoroso do que outras receitas de tarja preta.
A lista A1 tem cerca de 90 substâncias. Estão nela substâncias que provocam ações no sistema nervoso central e que podem causar dependência e overdose. São as chamadas substâncias ‘entorpecentes’ e exigem uma receita especial, da cor amarela, e com duas vias. Uma delas fica retida na farmácia no momento da compra do medicamento para que possa ser monitorada e rastreada pela Anvisa.
Pertencem à lista dos medicamentos A1, por exemplo, os ‘opiáceos’, derivados do ópio. É o caso, por exemplo, da fentanila, metadona e oxicodona. Por serem analgésicos muito fortes, são usados para pacientes que acabaram de passar por cirurgia ou sofrem com dores intensas provocadas pelo tratamento de câncer.
Uma das restrições para a venda de medicamentos da lista A1 é a quantidade e a validade. As receitas só valem por 30 dias e os remédios só podem ser vendidos na dose equivalente a 30 dias de tratamento.
Toda essa complexidade de exigências pode levar a polícia a um desdobramento da investigação. Em um segundo momento, a polícia vai apurar qual foi o médico que forneceu essas receitas à suspeita ou de que forma elas foram adquiridas. A polícia não descarta a hipótese de falsificação, o que implicaria em mais uma acusação contra a mulher que deve ser indiciada por homicídio doloso com agravantes.