A Associação Brasileira de Imprensa divulgou um comunicado repudiando uma ação realizada pela Fatal Model, site de acompanhantes, na manhã desta quinta-feira (26). A empresa estacionou um caminhão em frente à sede do ICL Notícias, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, depois das críticas feitas contra o site pelo criador do canal de notícias progressista, Eduardo Moreira.

A ABI pede ações da Polícia e do Ministério Público do Estado de São Paulo para investigar o que chamou de “intimidações e ameaças”. Para além do caminhão, funcionários do ICL disseram à CNN que estavam sendo fotografados ao entrar no prédio, por volta das 7h da manhã.

Tudo começou há cerca de dez dias, quando Eduardo Moreira fez uma crítica ao fato de crianças e adolescentes serem expostos a anúncios do site de acompanhantes em estádios, sugerindo que isso teria relação inclusive com a objetificação das mulheres.

“Eu estava assistindo nesse final de semana Corinthians e Botafogo. De repente: Fatal Model, é um site de prostituição. Olha o que que passa em rede nacional, propaganda no futebol, classificação livre”, disse Moreira.

Depois de muita repercussão, o site de acompanhantes reagiu, nesta quarta-feira (25), criticando a fala de Moreira e afirmando que ele foi “preguiçoso”, que “desinforma” e condenando a acusação de que o site teria ligação com o crime de alguma forma.

“Cumpre ainda ressaltar que a Fatal Model não objetifica as mulheres. Dignidade, afinal, é um de nossos pilares. Ao mostrar um anúncio de uma acompanhante, Moreira dá a entender que é a plataforma quem descreve a profissional como “sonho de consumo”. Uma mentira resultante, provavelmente, não de má-fé, mas de falta de informação”, disse em nota a plataforma.

Mas não parou por aí…

Depois do caminhão ter sido estacionado na porta do ICL Notícias, Moreira divulgou um novo vídeo reclamando da suposta intimidação. “Eu já tinha falado aqui do perigo que era a gente denunciar essa empresa que está fazendo propaganda pra crianças, propagandas em horários não devidos”.

Antes disso, a Fatal Model compartilhou um vídeo na conta de Instagram do site e nos perfis da rede dos clubes do Vitória e Ponte Preta, que são patrocinados pela empresa.

Nele, Nina Sag, diretora de comunicação da empresa, aparece fazendo um repúdio a Moreira e ao ICL. “Sofremos acusações caluniosas e difamatórias”, disse. Ela ainda sugeriu que Moreira propagaria preconceito, combatido pela Fatal Model.

A CNN questionou o site Fatal Model sobre o motivo de ter colocado o caminhão em frente à sede do ICL e aguarda retorno. O veículo com a logomarca da plataforma tinha ainda o slogan “O que mata é o preconceito! Respeito, segurança e dignidade”.

Em um vídeo publicado nas redes do ICL e de Eduardo Moreira, o advogado e conselheiro do ICL, Rafael Valim, disse que eles tomariam medidas contra o site de acompanhantes.

“Tomaremos providências imediatas para combater essa conduta absurda que pretende cercear a liberdade jornalística do ICL. Não toleraremos nenhuma ameaça ao ICL e aos profissionais que o integram e defenderemos a liberdade de imprensa, que é um pilar da democracia, com todas as nossas forças, com todas as nossas energias”, sustentou o advogado.

A CNN ainda apurou que não foi registrado um boletim de ocorrência na delegacia da região.