Crise Climática: Donald Trump x Kamala Harris
Estados Unidos, maior produtor de petróleo do mundo e segundo maior emissor de gases de efeito estufa, podem ter papel importante na transição energética após eleições
Os Estados Unidos, maior produtor de petróleo do mundo e segundo maior emissor de gases de efeito estufa, podem ter papel importante na transição energética. Depende do resultado das eleições presidenciais.
Em seu mandato, Donald Trump procurou retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. O processo só não foi concretizado porque havia um prazo de quatro anos a ser cumprido. Isso coincidiu com o início do governo Biden, que logo formalizou a volta do país ao acordo.
Para Trump, “O acordo de Paris teria fechado indústrias americanas com restrições regulatórias excessivas, … ao mesmo tempo em que permitiria que os produtores estrangeiros poluíssem impunemente”.
Kamala, por sua vez, apoia o Acordo de Paris e disse que fará da crise climática uma das principais prioridades de segurança nacional. Ela pondera que “…a crise climática é real, é um assunto urgente ao qual devemos aplicar métricas que incluam o cumprimento de prazos e datas”.
Trump considera que “O conceito de aquecimento global foi criado pelos e para os chineses, a fim de tornar a indústria dos EUA não competitiva”. Na verdade, foi o cientista sueco Svante Arrhenius quem primeiro propôs a ideia de que o acúmulo de CO2 na atmosfera poderia levar a um aumento da temperatura da Terra. Isso há mais de um século.
As pesquisas mais consistentes sobre os efeitos do acúmulo de gases de efeito estufa começaram em 1970, quando o primeiro artigo científico sobre o tema foi publicado pelo pesquisador estadunidense George S. Benton da Johns Hopkins University.
Embora os Estados Unidos tenham adotado um discurso muitas vezes dissimulado em relação às iniciativas globais de redução das emissões, há propostas que precisam ser valoradas.
O Green New Deal é um plano de desenvolvimento econômico baseado na neutralidade das emissões até 2050, incentivo às fontes renováveis, desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis e um olhar atento às populações historicamente vulneráveis.
Proposto em 2019, ele não foi aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos, mas influenciou a agenda ambiental e climática do país, como o Inflation Reduction Act de 2022, que incluiu investimentos significativos em energia limpa e ações climáticas.
Aqui, temos outra diferença importante. Kamala defende que o Green New Deal poderá gerar uma série de novos e bem remunerados postos de trabalho com uma nova infraestrutura de fontes renováveis de energia. Trump considera que o plano representa o maior controle socialista da história dos EUA.
O posicionamento pró ambiental de Kamala não é um discurso eleitoral. Como procuradora-geral da Califórnia, ela conduziu processos contra companhias petrolíferas como a BP e a ConocoPhillips, além de investigar a Exxon Mobil por seu envolvimento na disseminação de informações incorretas sobre as mudanças climáticas. No Senado, ela apoiou o Green New Deal.
Trump é declaradamente favorável aos combustíveis fósseis. Mas, nem sempre é possível fiar-se no que ele diz. Em artigo publicado em junho deste ano, o New York Times lembra que, em campanhas presidenciais anteriores, Donald Trump prometeu reativar a exploração de carvão. Agora, segundo o jornal, ele raramente menciona os mineiros de carvão dos Estados Unidos e parou de fazer grandes promessas sobre o futuro deles.
Em relação aos temas ambientais, temos duas biografias se contrapondo. Com a disputa eleitoral resvalando sempre em um empate técnico, segundo as pesquisas, é difícil dizer qual será o futuro ambiental dos Estados Unidos.